
“Em 21 anos como professora, foi a 1°vez que fui demitida”, disse Duda Salabert, professora e vereadora em Belo Horizonte (MG) ao anunciar sua demissão por meio de suas redes sociais neste sábado (6). Duda trabalhava há 13 anos no Colégio Bernoulli e chegou a sofrer ameaças de morte.
“Para piorar, teve a ameaça de morte que sofri, na qual dizia que me matariam dentro da escola. Lembremos que esse e-mail ameaçador foi também encaminhado para a direção da escola. Ali eu já sabia que seria demitida.”, explicou Duda, que chegou a denunciar as ameaças em dezembro passado.
Segundo a vereadora, pais de alunos já reclamavam da presença dela na escola, mas a situação piorou durante a pandemia. “Antes da pandemia, pais reclamavam da minha presença na escola. Mas eles não assistiam minha aula, não me viam…Isso tornava o cenário menos pesado. Com a pandemia, minha imagem começou a frequentar as casas dessas famílias – fato que causa desconforto em mentes preconceituosas”, escreveu.
As eleições de 2020 foram marcadas pelo crescimento de candidaturas trans. Ao todo, foram 294 candidaturas pelo Brasil, sendo 30 candidaturas coletivas e apenas 2 para prefeitura e 1 para vice-prefeitura. Isso representa um aumento de 226% em relação a 2016, quando o Brasil registrou apenas 89 postulantes.
Desde dezembro, ameaças em redes sociais foram feitas para Ana Lúcia Martins (PT), também a primeira mulher negra eleita para a Câmara de Vereadores em Joinville (SC), e as vereadoras trans Duda Salabert (PDT), de Belo Horizonte, e Benny Briolly (PSOL), de Niterói (RJ).
Preconceito na escola
A demissão deixou Duda em dúvida se voltará à sala de aula, “pois há um grande preconceito estigmatizante” que impede sua contratação, mas afirma que educação segue sendo sua prioridade.
Leia mais: Dia da Visibilidade Trans: permita que eu fale ‘não’ às minhas cicatrizes
Quando foi eleita, em 2020, Duda se tornou a primeira trans eleita para a Câmara de Vereadores e a pessoa mais bem votada do Legislativo da capital mineira. Duda chegou a declarar que conciliaria as aulas com a política.
“Sou Professora e dar aula sempre foi uma paixão. A política sempre ocupou meu tempo, mas nunca faltei a uma aula por causa da política e nunca dei uma aula sem me entregar ao máximo. Posso estar na política institucional, mas sou professora. Dar aula é e sempre será minha prioridade, independente do cargo político em que eu possa estar”, afirmou.