Ofendida por Camargo, Adna dos Santos que é uma liderança do candomblé no DF prestou queixa contra ele na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial do Distrito Federal

A entidade Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro) entrou com representação no Ministério Público Federal (MPF) contra o presidente da Fundação Cultura Palmares, Sérgio Camargo, por crime de racismo. A mesma iniciativa da Educafro foi adotada por parlamentares de esquerda, que pediram ao MPF a instauração de inquérito para investigar as afirmações de Camargo em áudio vazado.
Camargo classificou o movimento negro de “escória maldita” em reunião mantida, no dia 30 de maio, com funcionários da fundação. O áudio da conversa foi divulgado pelo Estadão na terça (2).
Para a Educafro, com as declarações, ele incorreu no artigo 20 da Constituição que veda “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
Já os parlamentares consideram que o presidente da autarquia cometeu crime de responsabilidade, com “desvirtuamento dos objetivos legais” da fundação que comanda.
Eles lembram que a Fundação Palmares foi criada para promover e preservar a cultura negra, mas a atitude de seu presidente configura desvio de finalidade, abuso de poder e improbidade administrativa.
“Não podem as instituições públicas permitir que o presidente da fundação, seguindo o ideário bolsonarista de promoção de ódio e de intolerância, contrarie as normas legais que fundaram e devem orientar a atuação do gestor público”, diz o documento.
Entre os deputados que assinam o documento estão Áurea Carolina (PSOLMG), Benedita da Silva (PT-RJ), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Bira do Pindaré (PSB-MA), Damião Feliciano (PDT-PB), David Miranda (PSOL-RJ) e Orlando Silva (PCdoB-SP).
“inaceitável ter um racista à frente da Fundação Palmares”. “Ali é lugar de promover políticas para superar o racismo estrutural, não fazer proselitismo político.” David Miranda disse que as falas de Camargo demonstram que ele está “operando para manter o racismo estrutural no País”. “Ele está fazendo apologia à violência contra a população negra”, afirmou Orlando Silva ao Estadão.
Ofensa a liderança do candomblé

No áudio Camargo em que afirma que não vai destinar “um centavo” espaços onde são celebradas as religiões de matriz africana (terreiros), ele ofende Adna dos Santos, liderança do candomblé no Distrito Federal.
Conhecida como Mãe Baiana, Adna foi chamada por ele, de forma pejorativa, de macumbeira. Na quarta-feira (3), ela prestou queixa contra Camargo na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial do Distrito Federal.
Adna ocupa cargo de coordenadora de Políticas de Promoção e Proteção da Diversidade Religiosa da Subsecretaria de Direitos Humanos e Igualdade Racial no governo distrital.