
Há quatro dias das eleições presidenciais na França, a esquerda não chegou a um consenso e lançou diferentes candidatos para a disputa. Com isso, apesar da aposta progressista indicar melhor desempenho de Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa) ele tem poucas chances de vitória e o Partido Socialista, que comandou o país em duas décadas nos últimos 50 anos, corre o risco e ter a pior desempenho neste domingo (10).
A pesquisa mais recente, divulgada pelo Instituto Ipsos na terça-feira (5), mostra que o atual presidente Emmanuel Macron (LRM), com posicionamentos mais à direita do que quando assumiu o posto, segue na liderança com 27% das intenções de voto.
Em seguida, apare a representante da extrema-direita Marine Le Pen (RN), com 20,5%. Em terceiro lugar, vem Mélenchon, com 16,5%.
Já a candidata socialista Anne Hidalgo, prefeita de Paris, tem apenas 2% nas intenções de voto. Ela aparece em décimo lugar entre os 12 candidatos ao Eliseu. E corre o risco de registrar o pior desempenho do Partido Socialista em mais de um século.
Se o resultado se concretizar, o resultado será pior do que os 5% arrebatados por Gaston Defferre, em 1969, e de Benoît Hamon na última eleição, que teve a preferência de apenas 6,2%, em 2017.
Hidalgo tentou unir a esquerda em torno de uma candidatura única. Em dezembro, propôs a realização de primárias para definir o nome progressista para a disputa. O que não foi adiante.
“O eleitorado da direita costuma votar com mais frequência, até por terem mais poder aquisitivo, por estarem mais introduzidos dentro das redes institucionais, e é uma grande parte do eleitorado do Macron. Por outro lado, apesar de ele ter um balanço político péssimo no que tange à incapacidade de conter o aumento das desigualdades sociais, ele conseguiu alguma vantagem na maneira com a qual liderou a pandemia, porque ele acabou desdobrando muitos recursos para assuntos emergenciais. Isso deu a sensação de um presidente ativo, que respondia a algumas perguntas imediatas do povo, e ele soube também manusear isso razoavelmente bem no período do fim desse mandato”, afirmou, em entrevista ao Brasil de Fato, Florence Poznanski, dirigente nacional do Partido de Esquerda, e principal líder do movimento França Insubmissa.
Tentativa de união frustrada
Em uma outra tentativa de aproximação da esquerda, em fevereiro, representantes dos partidos Europa Ecologia Os Verdes e Partido Radical de Esquerda (PRG) tentavam formar uma aliança para impulsionar os progressistas nas eleições.
O jornal Le Parisien destacou à época o encontro de Christiane Taubira, do PRG, e Yannick Jadot, do Os Verdes, em que falavam em um possível apoio do PRG à candidatura de Jadot.
A candidatura de Taubira não foi para frente e de Jadot aparece com chances mínimas de decolar. As fichas da esquerda seguem com Mélenchon.
O resultado de domingo é temido pelo Partido Socialista que, atualmente, tem apenas 28 das 577 cadeiras do Parlamento francês. As eleições legislativas acontecem em junho e certamente serão impactadas pelo resultado da disputa à presidência.
Com informações do Brasil de Fato e Opera Mundi