O filho mais novo do presidente Jair Bolsonaro (PL), Jair Renan, foi ouvido pela Polícia Federal (PF) na quinta-feira, 7, sobre a atuação dele junto ao governo federal. O depoimento foi prestado em uma investigação que apura se ele usou o acesso ao Planalto para obter benefícios pessoais, o que configura crime de tráfico de influência. Ele nega que tenha interferido na agenda do governo ou recebido vantagens por isso.
Jair Renan compareceu à superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, onde passou mais de três horas, acompanhado do advogado Frederick Wassef e não falou com a imprensa. O advogado da família Bolsonaro voltou a dizer que o filho do presidente não marcou reuniões e não recebeu vantagens de empresários.
O interrogatório chegou a ser agendado em dezembro do ano passado, mas Jair Renan não compareceu e pediu o adiamento.
A investigação foi aberta depois que o jornal O Globo divulgou que o filho do presidente teria recebido um carro elétrico de representantes da Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, avaliado em R$ 90 mil. Um mês após a doação, em outubro de 2020, a empresa conseguiu agendar um encontro com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, com participação de Jair Renan.
Em entrevista ao SBT News após o depoimento, Jair Renan atribuiu a investigação a uma tentativa de ‘incriminá-lo’. “Eu me sinto revoltado com tudo isso que está acontecendo. Nunca recebi nenhum cargo, nenhum dinheiro, nunca fiz lavagem de dinheiro”, afirmou.
Ao ser questionado sobre a participação na reunião, ele disse que foi ‘convidado’, “Só me convidaram. Eu fui porque conhecia o pessoal lá. Entrei mudo e saí calado”, justificou.
‘Escorregadio’
Na quinta-feira (7), foi expedida pela Polícia Federal (PF) uma nova intimação para colher o depoimento de Jair Renan Bolsonaro, o filho mais novo do presidente Jair Bolsonaro (PL). O inquérito que envolve o 04 é sobre suspeitas de corrupção e tráfico de influência dele junto ao governo federal. O depoimento está previsto para ser realizado nesta quinta-feira (7).
Há quatro meses que os investigadores da PF tentam ouvir Jair Renan, mas não conseguem. Ele já foi intimado em dezembro, por meio da sua defesa, mas não compareceu ao depoimento. Os advogados pediram adiamento. Depois disso, a PF enviou o inquérito ao Ministério Público Federal (MPF), que pediu prorrogação de prazo para a conclusão das diligências. Passados quatro meses, a investigação será retomada com o depoimento.
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O inquérito aponta que houve associação de Jair Renan com outras pessoas “no recebimento de vantagens de empresários com interesses, vínculos e contratos com a Administração Pública Federal e Distrital sem aparente contraprestação justificável dos atos de graciosidade. O núcleo empresarial apresenta cerne em conglomerado minerário/agropecuário, empresa de publicidade e outros empresários”.
Bolsonaro Jr Eventos e Mídia
Jair Renan Bolsonaro é suspeito de utilizar a sua empresa de eventos, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, para promover articulações entre a Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, grupo empresarial que atua nos setores de mineração e construção, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
Carro elétrico de presente
Jair Renan e o seu parceiro comercial, o empresário Allan Lucena foram presenteados com um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil pelo grupo empresarial que atua nos setores de mineração e construção e tem interesses junto ao governo federal.
Representantes da Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, uma das empresas do conglomerado, se reuniu com Marinho um mês após o presente, em outubro do ano passado. Segundo o ministério, o encontro, que também teve a participação de Jair Renan, foi marcado a pedido de um assessor especial da Presidência.
Com informações do O Globo e Estadão