A morte do sertanista Rieli Franciscato, atingido no peito por um flecha disparada por índios isolados durante uma operação em Seringueiras (RO), no último dia 9 de setembro, teve um impacto diferente para Syndey Possuelo.
Ex-presidente da Fundação Nacional de Assistência ao Índio (Funai) e durante muitos anos responsável pelo departamento responsável pelos chamados povos isolados – como são definidos grupos indígenas sem relações permanentes com as demais sociedades nacionais -, Possuelo trabalhou junto com Franciscato em diversas ocasiões.
Além da consternação pessoal, o sertanista, um dos nomes mais reconhecidos e premiados mundialmente no campo defesa dos direitos indígenas, diz-se “extremamente preocupado” com os desdobramentos da morte do antigo colega.
Rieli Franciscato era um grande defensor dos indígenas isolados e, talvez, a última barreira que protegia esses povos em Rondônia. A favor do não-contato, trabalhava há mais de 30 anos pela proteção dos indígenas. Na última quarta-feira, ele entrou na terra indígena Uru-Eu-Wau-Wau acompanhado de dois policiais e um indígena da etnia Kampé, após a notícia de que índios isolados haviam aparecido na cidade. Durante a incursão para fazer o rastreamento do grupo, foi atingido por uma flecha disparada por um dos integrantes da tribo.
Agora, Syndey Possuelo, 80, teme que a morte de Franciscato sirva de munição para os opositores de maiores concessões aos povos indígenas, especialmente no que diz respeito à demarcação de terras. Em entrevista à BBC News Brasil, ele descreveu as razões para o temor.
O sertanista acredita ainda que a intensificação de conflitos em áreas de presença indígena desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência poderão resultar em mais baixas.
Confira a entrevista completa neste link.