
Na noite desta quinta-feira (17), durante a live semanal transmitida pelo Facebook, Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu a volta às aulas em todo o Brasil e criticou professores que estão recorrendo à Justiça para impedir o recomeço do ano letivo em meio à pandemia do coronavírus. Sem apresentar dados, o presidente acusou sindicatos da categoria de serem integrados por “radicais” de esquerda.
“O pessoal deve saber como é composta a ideologia dos sindicatos dos professores pelo Brasil quase todo. É um pessoal da esquerda radical, e para eles está muito bom ficar em casa. Por dois motivos: primeiro que, eles, do sindicato, ficam em casa e não trabalham”, atacou. “E outra: isso colabora para que garotada não aprenda mais coisas, que não volte a aprender, a se instruir”, acusou Bolsonaro, sem detalhar sobre quais associações se referia.
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Apesar de a taxa de mortalidade diária do Brasil continuar acima de 700 – é o terceiro país do mundo com maior número de mortes nos últimos sete dias, atrás apenas de Índia e Estados Unidos –, Bolsonaro disse que “é inadmissível” que os estudantes percam o ano letivo. Ele afirmou que pediu ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, que prepare uma orientação a estados e prefeituras para que as aulas na rede pública sejam retomadas. Segundo o presidente, o Brasil já perdeu um ano letivo.
“A questão de deixar garotada em casa. Nós somos o país com maior número de dias com a molecada sem aula. Só está faltando nós”, disse o presidente. “Hoje mandei mensagem para o ministro Milton [Ribeiro, Educação] para ele se preparar e começar a orientar – já que decisão não é nossa, é de governadores e prefeitos – para que se volte às aulas. É inadmissível perder o ano letivo”, afirmou.
Professores temem nova onda da Covid
Para sindicatos de docentes do estado de São Paulo, no entanto, a explicação para se oporem à retomada das aulas é outra. Segundo eles, não é possível comparar a realidade no Brasil com a dos países europeus que já reiniciaram o ano letivo, pois o Brasil e o continente europeu vivem realidades sociais e momentos da epidemia totalmente distintos.
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O temor é de que o reinício das aulas possa desencadear uma nova onda de infecção, já que segundo as entidades, não existem evidências suficientes ainda para declarar que foi a reabertura de escolas que agravou a transmissão da Covid-19 em uma comunidade, desde que as medidas de proteção e de saúde forem adotadas.
Desde o início da pandemia do novo coronavírus no Brasil, em março, a maior parte dos estados e municípios decretou a paralisação das aulas tanto na rede pública quanto na rede particular como estratégia para impedir o avanço da doença que já matou mais de 135 mil pessoas e infectou outras 4,4 milhões no país.
Jogos de Futebol
Além de pedir a volta às aulas, o presidente também disse esperar o retorno em breve dos jogos de futebol com público no Brasil, mesmo que de forma reduzida. “Com 10%, 20%, 30% [da capacidade], acho que já pode começar a abrir o estádio”, disse ele, afirmando esperar um parecer da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que referende essa decisão.