
Após uma campanha eleitoral turbulenta, com registro de uma invasão ao Capitólio, e em meio ao pior momento da pandemia da Covid-19, Joe Biden e Kamala Harris assumem o cargo de presidente e vice-presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira (20). O dia será marcado pela posse de um gabinete historicamente diverso e a ausência de Donald Trump, que deixa o poder sem reconhecer sua derrota e sem entregar o cargo a seu sucessor, quebrando uma tradição de 150 anos.
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A equipe de transição de Biden anunciou que a agenda do primeiro dia do novo presidente norte-americano incluirá a assinatura de decretos. Biden também fará o juramento no “primeiro dia de nomeações presidenciais” em uma cerimônia virtual, de acordo com um comunicado enviado à imprensa.
Programação da posse
A agenda completa desta quarta teve início às 8h45 (10h45 no horário de Brasília), quando Biden, Harris e seus cônjuges participaram de um serviço religioso na Catedral de São Mateus. Ao meio-dia, Biden e Harris prestarão juramento oficial para a posse no cargo.
Às 14h25, também no horário local, Biden e Harris visitarão o Cemitério Nacional de Arlington, na Virgínia. Às 17h15, os recém-empossados assinarão decretos presidenciais para logo depois dar posse aos nomeados presidenciais em uma cerimônia virtual. O evento deve ser finalizado por volta das 20h30, após Biden e Harris discursarem no programa inaugural “Celebrando a América”.
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Em razão da pandemia, toda a cerimônia de posse do 46º presidente dos Estados Unidos deverá ser virtual, com poucos convidados. A segurança foi reforçada em razão do temor de uma nova tentativa de ataque de aliados trumpistas, a exemplo da invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro. O evento poderá ser assistido pela internet, a partir de um perfil oficial criado pela equipe presidencial.
O que Biden e Kamala devem enfrentar
O conflito em torno do fornecimento da vacina contra a Covid-19 e a lacuna entre o que as autoridades relatam e os números cedidos pela administração de Donald Trump representam um desafio imediato para administração Biden.
Diversos estados do país afirmam estarem sem suprimentos para prosseguir com a vacinação da população, enquanto funcionários insistem que os números da entrega da vacina relatados pela administração anterior não correspondem à verdade.
Números confusos sobre a vacina
De Nova York à Virgínia, as autoridades solicitam o envio de imunizantes com urgência. Os representantes destes estados afirmam que contagens federais que sugerem que eles têm milhares de doses contra a doença em estoque não refletem a necessidade local.
Uma fonte próxima à equipe de transição de Biden disse que há uma grande preocupação no novo governo sobre a precisão dos números deixados pelo governo federal. Apenas nos últimos dias a equipe de transição teve acesso ao Tiberius, o sistema que mostra quantas doses estão disponíveis e permite que o governo determine os locais de entrega.
Até então, a equipe trabalhava apenas com os números que recebia dos fabricantes, sem conseguir verificar e confirmar, disse uma fonte à CNN na terça-feira (19).
Mensagem de Trump não cita Biden
Na véspera da posse de Joe Biden, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou uma mensagem de despedida do mandato nesta terça-feira (19), na qual desejou sorte ao novo governo.
“Ao término do meu mandato como 45º presidente, estou orgulhoso de tudo o que conquistamos juntos. Nós fizemos o que viemos fazer e muito mais. Nesta semana, começamos um novo governo e rezamos por seu sucesso e pela manutenção de um país próspero e seguro. Desejamos que tenham sorte”, disse o republicano, sem citar o nome do democrata eleito.
Ele ainda falou sobre a invasão ao Congresso dos Estados Unidos, que deixou cinco mortos. “Todos os americanos ficaram horrorizados com a agressão ao nosso Capitólio. Violência política é um ataque a tudo que prezamos como americanos. Isso nunca pode ser tolerado”, ressaltou.
No vídeo de 20 minutos, Trump afirmou ter sido o primeiro presidente em décadas a encerrar seu mandato sem guerras, mas ressaltou que “como nação mais poderosa do mundo, os Estados Unidos sofrem com constantes ameaças e desafios de fora”.
O presidente americano, que foi bloqueado nas redes sociais por incitar a violência, defendeu a “liberdade de expressão e debate aberto”. “Não é nem pensável que a censura tenha lugar nos EUA”, enfatizou.
Trump voltou a se referir a “vírus chinês”
Sobre a pandemia da Covid-19, Trump voltou a chamar o coronavírus de “vírus chinês” e comemorou o desempenho econômico do país, além de celebrar o rápido desenvolvimento de uma vacina contra a doença.
Por fim, o republicano enfatizou a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, a pressão imposta a outros países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e disse ter cumprido metas de reforçar a segurança na fronteira com o México.
Trump também lembrou que foi responsável pela operação que matou o general iraniano Qassem Soleimani, no ano passado, e celebrou o fato de ter chegado a acordos de paz no Oriente Médio.
Com informações da CNN Internacional e ANSA