
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Edson Fachin, mandou duros recados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta terça-feira (26).
Ele esteve reunido com advogados do Grupo Prerrogativas e criticou a cruzada golpista do atual presidente contra as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral brasileiro.
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Logo no início do encontro, o chefe da Justiça Eleitoral fez uma fala com duros recados a Bolsonaro e suas tentativas cada vez mais incisivas para inviabilizar as eleições de outubro.
Mandou uma mensagem direta aos militares e ao próprio presidente, que insistem em cobrar mudanças nas urnas e no rito de votação. O ministro reiterou que “o calendário eleitoral está em dia. A regra está dada”.
“O calendário eleitoral está em dia. A regra está dada. O TSE não se omitirá. A justiça eleitoral de todo o país não cruzará os braços. O TSE não está só, porquanto a sociedade não tolera o negacionismo eleitoral”, disse Fachin.
“O ataque às urnas eletrônicas como pretexto para se brandir cólera não induzirá o país a erro”, completou.
O ministro lembrou que a Justiça Eleitoral foi criada há 90 anos para garantir eleições íntegras e que o autoritarismo não irá abalar o pleito.
“A Justiça eleitoral não se fascina pelo canto das sereias do autoritarismo, não se abala às ameaças e intimidações. Somos juízes, e nosso dever é abrir os nossos ouvidos à Constituição e às suas cláusulas pétreas democráticas, como bem pontuou metaforicamente o filósofo norueguês Jon Elster. A agressão às urnas eletrônicas é um ataque ao voto dos mais pobres”, afirmou.
O ministro saudou os advogados presentes e enfatizou a importância de defender a democracia e a vida pública no Brasil mesmo diante dos ataques do atual Chefe do Executivo.
“Não há justiça sem sociedade civil e advocacia fortes e em diálogo, nomeadamente para defender o processo eleitoral, as eleições, e o próprio Estado democrático de direito”, seguiu o ministro.