O presidente Jair Bolsonaro está disposto a desagradar a ala ideológica do governo para nomear um ministro com perfil de gestor para o Ministério da Educação (MEC). Ganhou força nos bastidores a indicação do empresário e atual secretário da Educação do governo do Paraná, Renato Feder, que reúne apoio de integrantes do Centrão, de empresários ligados à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da comunidade judaica, segundo apurou o Valor.
Feder deverá ser recebido hoje pelo presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, para uma conversa. Embora integrantes do Centrão não reconheçam publicamente Feder como indicação do bloco, ele é bem visto por parlamentares.
A solução também iria ao encontro do que é defendido por ministros militares, que antes da demissão de Abraham Weintraub já tentavam convencer o presidente a optar por um perfil mais técnico para a pasta.
Integrantes do núcleo militar ouvidos pelo Valor admitem que, pelo currículo, o empresário poderia ser uma solução para o Ministério. No entanto, ponderaram que é uma área “complexa” para a qual o presidente “terá que analisar muitas coisas” antes de decidir.
Um dos pontos de reflexão é sobre o impacto que a eventual escolha de Feder terá junto ao grupo de seguidores do ideólogo Olavo de Carvalho e do ex-ministro Weintraub em redes sociais. “Ele sempre pensa como a tropa de choque lá vai reagir”, comentou um assessor palaciano, em relação aos militantes que se mobilizam na internet para defender o presidente.
Forte nome para o MEC
Logo após a demissão de Weintraub, na semana passada, Bolsonaro estava inclinado a deixar como ministro interino o secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, enquanto definia o novo titular. No entanto, caso avancem as conversas com Feder hoje, auxiliares do presidente dizem que a nomeação poderá ocorrer em pouco tempo. Por enquanto, a pasta está sob comando do secretário-executivo, Antonio Paulo Vogel.
Aliado de Bolsonaro e nome importante do PSD, o governador do Paraná, Ratinho Junior, já teria dado sinal verde para a mudança. Feder comanda a área de Educação no Paraná desde o início da atual gestão.
Em um ano e meio, propôs uma série de medidas de transformação digital nas escolas e tentou alinhar a gestão a métodos e práticas corporativas. Enfrentou resistência de servidores, ao propor a reforma no sistema previdenciário e mudanças nas eleições para diretores de instituições de ensino.
A experiência na Educação do Paraná é a primeira de destaque na área de gestão pública no currículo do empresário de 41 anos. Antes, ele havia assessorado de forma voluntária a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) no governo de São Paulo. Também apoiou a candidatura de João Doria à prefeitura da capital paulista, doando R$ 120 mil para a campanha.