Por Henrique Rodrigues
Empresas públicas ligadas ao Ministério da Defesa, como a Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel), controlada pelo Exército, e a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul), vinculada à Marinha, ficarão de fora de uma auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) que vem investigando um rombo de R$ 44 milhões só em pagamentos irregulares acima do teto para funcionários de estatais dependentes da União, que é de R$ 39,9 mil.
Ainda que as duas empresas e o Ministério da Defesa façam um malabarismo para tentar explicar por que as estatais não serão alvo da operação pente-fino da CGU, as suspeitas sempre recaem sobre a imensa autonomia e poder conferidos aos militares pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O presidente da Imbel, general de Exército da reserva Aderico Visconte Pardi, recebe R$ 49,9 mil por mês, enquanto o presidente da Amazul, o vice-almirante da reserva Antônio Carlos Guerreiro, é agraciado com um salário de R$ 62,9 mil. Ou seja, os dois recebem acima do teto permitido por lei, justamente casos que se enquadrariam nas investigações realizadas pela CGU.
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Oficialmente, a Controladoria-Geral da União afirma que a Imbel conta com uma legislação específica sobre controle de seus gastos. A desculpa parece tão esfarrapada que a própria estatal afirmou à reportagem da Folha de S.Paulo que sofre fiscalização por parte do órgão, além do Tribunal de Contas da União (TCU).
Já no caso da Amazul, a CGU alega em um de seus relatórios que a incumbência de fiscalizá-la, do ponto de vista financeiro, é da Secretaria de Controle Interno do Ministério da Defesa, pasta à qual é subordinada, ainda que a legislação brasileira defina a Controladoria-Geral da União como o órgão de controle central de toda a administração federal.