por redação Socialismo Criativo em 23/11/2018.
A tarde da última quinta-feira, 22 de novembro, teve uma sessão de provocações às reflexões quanto ao cenário político brasileiro durante o encontro “China, Socialismo Criativo?”, que discutiu o sistema político-econômico da China, considerada um dos gigantes da economia mundial. O evento, promovido pelo site Socialismo Criativo e pelo Instituto Pensar, levou à Salvador o professor Elias Jabbour, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, especialista em assuntos relacionados à realidade política e econômica chinesa.
Durante o encontro – que contou com a presença de parlamentares e dirigentes do PSB, PSOL e PC do B como a senadora Lidice da Mata, o deputado federal constituinte Haroldo Lima e os estaduais Ângelo Almeida, Fabíola Mansur, Olivia Santana, bem como o presidente estadual do PSOL, Fábio Nogueira.
Que economia é essa que cresce expansivamente e, hoje, enfrenta os Estados Unidos, exemplo maior que se tem quando o assunto é capitalismo? Se ainda existissem dúvidas acerca dos direcionamentos dos chineses nas suas políticas de gestão do país, Jabbour, especialista no assunto, tratou de posicionar-se nos momentos iniciais de sua fala durante o encontro: “A China é um país socialista”. E, nesse lugar de população que perpassa um bilhão e meio de pessoas e tem um PIB de mais de 10 trilhões de dólares, uma nova formação econômico-social ganha o estatuto do desenvolvimento na nação: o socialismo de mercado não é mais uma abstração. “Não estamos falando de qualquer sociedade. Estamos falando, inclusive, de uma sociedade que fez a maior revolução social do século XX. Foi a Revolução Chinesa. É uma revolução que continua até hoje, porque o processo revolucionário chinês está em andamento”, sinalizou o professor.
Elias Jabbour considera o socialismo de mercado como uma nova formação econômica e social que merece atenção e sinalizou para o crescimento do setor estatal, na China, a partir de 2009. “A reação chinesa à crise de 2008 converteu seu próprio setor produtivo em indústria-chave, fazendo desaparecer 59 estatais e surgir 149 conglomerados com a participação do Estado”, disse. O professor lembrou, ainda, que a presença de dezenas de bancos de desenvolvimento é fundamental para o sucesso da economia chinesa.
Debates
Ao situar a relação do país em pauta com o Brasil, uma das debatedoras convidadas à mesa, a economista e professora Elsa Kraychete, da Universidade Federal da Bahia, lembrou que, ao resultado das Eleições 2018, a China logo se manifestou para contato com o presidente eleito para o próximo quadriênio de gestão, já que, entre outras coisas, a soja brasileira tem, como um de seus principais mercados, o chinês. Kraychete sinalizou que a China tem um projeto de Nação e caminha para ser uma superpotência mundial. Sobre a política externa adotada pelos chineses, ela descartou a possibilidade de embates bélicos com outras nações. “Não interessa ao governo chinês entrar em conflitos agora. Isso é normal nas potências que estão se constituindo. Eles escolheram o caminho da diplomacia, pelo menos, neste primeiro momento”, explicou.
O ex-deputado Haroldo Lima do PC do B, traçou uma linha do tempo da evolução das posições do PC Chinês em seus congressos e declarou que a China é algo de extraordinário.
Já o professor Fábio Nogueira, presidente do PSol-Ba., lembrou sua experiência em Cuba, registrou que um dos principais problemas da ilha é a questão do consumo. E indagou de Elias Jabbour, como isso se resolvia na China Socialista.
Brasil
Por varias vezes os debates recaíram sobre o momento político brasieliro e de e de criticas a própria esquerda. Enquanto, lá, os caminhos diversos voltam-se a uma mesma direção, no Brasil, um desalinho parece ter enfraquecido alguns discursos da Esquerda. “Falamos pouco em produção do trabalho e mais em inclusão e outras pautas”, afirmou Jabbour, que considera que a Esquerda brasileira possui um déficit de pensamento estratégico e que isso contribuiu para a derrota na última eleição e para o avanço de uma onda conservadora no país. Para ele, a eleição do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, é um tiro de morte no projeto brasileiro de Nação: “É uma derrota estratégica”.
Elias Jabbour criticou, ainda, a Operação Lava-Jato e disse que a proibição de empresas brasileiras de participarem de licitações é um crime de lesa-pátria. Domingos Leonelli, deputado constituinte e presidente do Instituto Pensar, descordou da fala do professor ao considerar que a corrupção criou uma super mais-valia nas relações entre empresas e Poder Público.
A senadora Lídice da Mata, que também compôs a mesa como debatedora, defendeu que os brasileiros têm que pensar nos próprios desafios, aprendendo com os chineses, bem como manter os laços culturais com o povo e fazer isso de forma estratégica. Sobre a questão que norteou a realização do encontro, Elias Jabbour declarou: “A Economia Criativa é a quarta Revolução Industrial”.
O encontro “China, Socialismo Criativo?” foi transmitido, ao vivo, pela TV 40 – PSB (tv40.org.br) e pelas fanpages do PSB Nacional e do Socialismo Criativo.