O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do Equador suspendeu a recontagem de votos do primeiro turno das eleições presidenciais no país. A revisão havia sido solicitada pelo candidato Yaku Pérez Guartambel, líder indígena de esquerda, que alegou fraude ao ser confirmado como terceiro lugar – o que o colocaria, portanto, fora do segundo turno das eleições. Os demais candidatos e o CNE concordaram com a solicitação, porém, a medida ainda precisará passar pela aprovação do colegiado.
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Em pronunciamento realizado na quarta-feira (17) a presidente do órgão, Diana Atamaint, afirmou que o “plenário do CNE, lamentavelmente, não dá resposta ao pedido, nem aprova nem nega o relatório apresentado pela área técnica sobre a solicitação da recontagem”. Ainda em pronunciamento, Diana informou que dos cinco membros, dois votaram a favor do pedido de Perez, um votou contra, um se absteve e, o quinto, não se fez presente durante os trabalhos.
O conselheiro José Cabrera, que se posicionou contra a recontagem, afirmou que este movimento atrapalharia o andamento das eleições e atropelaria a ordem legal do pleito.
“Primeiro devemos terminar a apuração, proclamar resultados e que então sejam apresentados os recursos de impugnação”, afirmou.
Enrique Pita, que se absteve, afirmou que não colocaria em risco os prazos eleitorais, visto que o segundo turno está previsto para começar em 16 de março e a revisão dos votos, certamente, atrapalharia a data.
Disputa acirrada no Equador
Durante a apuração a disputa pelo segundo lugar foi acirrada entre o líder indígena e, o ex-banqueiro e candidato da direita liberal, Guilhermo Lasso. Quando faltavam apenas 0,07% das urnas a serem apuradas, Lasso foi declarado segundo lugar, indo para o segundo turno com o economista de esquerda Andrés Arauz, pupilo do ex-presidente socialista, Rafael Correa (2007 – 2017).
O candidato Perez enviou requerrimento para recontagem em 100% das urnas na província de Guayas, a que possui maior número de eleitores do país. A proposta também incluía a análise de 50% das urnas de outras 16 províncias. Esse quantitativo representaria cerca de seis milhões de votos, 45% dos 13,1 milhão de equatorianos aptos a votar.
Diante da não-decisão do CNE, Perez discursou em frente à sede do órgão cobrando uma ação efetiva das autoridades. Grupos de apoio ao candidato anunciaram protesto em diversos pontos do país e uma marcha à capital, Quito, para denunciar a suposta fraude.
“Não vão nos derrotar, não vão nos aniquilar, a resistência continua. Hoje (o CNE) acaba de tomar uma decisão que fica no limbo”