Fabricantes de eletroeletrônicos têm alertado sobre o aprofundamento da crise global de chips que impacta diversos setores produtivos que usam a tecnologia, como de carros, smartphones, televisores e eletrodomésticos. Os avisos já ocorrem há alguns meses e, segundo especialistas, o problema pode durar até 2022 e afetar o preço pago por consumidores em produtos deste tipo.
Os suprimentos de chips diminuíram devido a grande demanda de produtos eletrônicos durante a pandemia da Covid-19. Além disso, a guerra comercial entre China e Estado Unidos contribui para esse cenário. Pela estocagem agressiva de empresas chinesas, que se preparam para novas sanções conforme Washington tenta barrar as ambições de Pequim sobre a tecnologia da comunicação 5G.
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Segundo Maribel Lopez, fundadora da empresa de pesquisa de mercado Lopez Research, os problemas de oferta e demanda dificilmente serão resolvidos em breve. A analista explica que uma alta na demanda de chips para celulares era esperada em 2020, mas isso não era uma realidade no mercado de computadores pessoais (PCs).
Além disto, a tendência de fabricar chips cada vez menores (para aumentar eficiência energética e velocidade) também tornou o processo de fabricação de processadores ainda mais complexo. Somando esses fatores à crise sanitária que impediu o funcionamento de fábricas, a situação escalou para um patamar jamais esperado há pouco mais de um ano.
Crise preocupa presidente dos EUA
Na última quarta-feira (24), Joe Biden convocou uma reunião no Congresso para discutir possíveis soluções para a crise de semicondutores. Nos Estados Unidos, grandes nomes da indústria automobilística, como a Ford, tiveram que paralisar a produção devido à escassez de chips, o que pode refletir em uma baixa de 20% na oferta de novos produtos durante o primeiro trimestre de 2021.
Na mesma data, Biden assinou um decreto para pedir a revisão das cadeias produtivas do país com o objetivo de acabar com as “vulnerabilidades” no fornecimento de produtos essenciais. “Não podemos depender de outros países para fornecer proteção durante uma emergência nacional”, declarou.
Escassez de chips impacta produção
Fabricantes de eletrodomésticos como Samsung e LG Eletronics, ambas da Coreia do Sul, estão entre as fabricantes que sentem o atraso das produções, que deverão durar até 2022.
A Samsung começou a reduzir os pedidos de alguns componentes de smartphones este mês, depois que a maior fabricante de chips do mundo advertiu em março sobre um “desequilíbrio na oferta e na demanda’’ de semicondutores.
A LG, sendo uma grande fabricante de eletrodomésticos, disse que falta de chips ainda não atrapalhou na produção, mas admite que é um risco. “Estamos monitorando de perto a situação, pois nenhum fabricante pode ficar livre do problema se ele se prolongar” disse a companhia.
Com informações da Folha Uol, Tecnoblog e MarketWatch