
O projeto Amazônia 4.0 é uma iniciativa de um grupo de pesquisadores experientes em assuntos relacionados à Amazônia e a modernas tecnologias, que se uniu para propor um projeto de bioeconomia de floresta em pé e rios fluindo para a região amazônica. A ação dos especialistas está em sintonia com a proposta do Partido Socialista Brasileiro (PSB) na Autorreforma do PSB, que compartilha até a mesma nomenclatura.
Na avaliação dos experts que integram o projeto concebido pelo climatologista Carlos Nobre e com direção científica do biólogo Ismael Nobre, a plantação de soja, criação de gado e mineração como incentivos à economia culminaram na intensificação do desmatamento da Amazônia.
Esse cenário amazônico desenhado por especialistas revela a necessidade de incentivar a economia local de forma sustentável. Para isso, a iniciativa conta com professores de Engenharia da Computação da Universidade de São Paulo (USP) para aplicar projetos laboratoriais, além de criar o Biobanco da Amazônia.
A responsável pelo projeto Amazônia 4.0 na Escola Politécnica (Poli), Tereza Carvalho, explica que o valor agregado sobre produtos locais, como o açaí, é majoritariamente obtido fora da Amazônia ou fora do Brasil, deixando as comunidades locais com uma margem de lucro muito baixa.
Tereza faz parte do Departamento de Engenharia da Computação do Laboratório de Sustentabilidade (Lassu) da Poli da USP e comenta que uma das propostas do projeto é explorar o cacau na própria Amazônia e criar biofábricas para a geração do produto final.
Laboratórios Criativos
O projeto deu origem aos laboratórios criativos da Amazônia, que criam soluções e produtos agregados para o que é extraído da floresta. Segundo Tereza, quando a população local constatar que é possível obter renda com produtos da floresta, haverá maior interesse em proteger a floresta e combater o desmatamento.
Para o laboratório criativo do cacau-cupuaçu, por exemplo, os pesquisadores realizaram uma pesquisa de campo intensa, passando uma semana imersos numa plantação de cacau em Paraty, no Rio de Janeiro. Lá, aprenderam a lidar com o cacau e conheceram o processo de produção.
“Contamos com experts da própria Amazônia e, a partir daí, nós começamos a comprar as máquinas que compunham a cadeia produtiva do cacau-cupuaçu.”
Tereza Carvalho, Amazônia 4.0
Controle de origem para produtos da Amazônia
Um dos objetivos do Amazônia 4.0 é garantir a origem de todos os produtos que são declarados como amazônicos. Para isso, os pesquisadores da Poli utilizam as tecnologias blockchain, automatização de máquinas, big data e computação em nuvem.
Para atestar a origem de produtos amazônicos como o cacau, o consumidor, em qualquer parte do mundo, pode escanear um QR Code e ter certeza sobre a procedência. Essa ferramenta ajuda a valorizar o produto. Afinal, segundo Tereza, a falta de um controle de origem é um dos principais responsáveis por desvalorizar os produtos amazônicos.
PSB aposta em desenvolvimento sustentável
Com o mesmo nome da iniciativa que reúne especialistas da USP, Amazônia 4.0, o PSB defende a organização de um projeto de desenvolvimento sustentável para a Amazônia brasileira.
Na proposta de Autorreforma do PSB o tema ganhou destaque. Para o Partido, é fundamental estabelecer uma estratégia para o efetivo exercício da soberania nacional sobre a região amazônica, pois o montante e os valores dos ativos existentes nesse território possuem valor inestimável.
“Dados oficiais revelam que um hectare de um sistema agroflorestal amazônico, mesmo sem industrialização, produz por ano uma lucratividade que é muitas vezes maior do que a lucratividade do gado, e é pelo menos o dobro da lucratividade da soja.”
Autorreforma do PSB
Potencial econômico da bioeconomia
A realidade da Amazônia brasileira, para o PSB, revela o potencial econômico do que se denomina “bioeconomia de floresta em pé e rios fluindo”, tal qual a expressão usada pelos especialistas do projeto com o mesmo nome. Rios fluindo porque toda a energia para esse modelo de industrialização pode ser obtida por meio de fontes renováveis de energia.
“Este é o momento perfeito para industrializar a bioeconomia da Amazônia. Mas, o maior potencial futuro da Amazônia não está nos produtos que já existem, mas na biologia, no aproveitamento do imenso potencial da riqueza da biodiversidade.”
Autorreforma do PSB
O PSB constata que a floresta Amazônica tem centenas de milhares de espécies. A partir dessa riqueza é possível construir muito conhecimento. No século 21, conhecimento tem tanto valor quanto a transformação material. Esse é um grande potencial para o Brasil como um todo e não apenas para a Amazônia.
Os socialistas defendem que uma estratégia de desenvolvimento sustentável da Amazônia deve ser parte integrante de um Projeto Nacional de Desenvolvimento, liderado por um governo que tenha como objetivo inserir soberanamente o Brasil nas cadeias globais de valor, com uma produção biotecnológica genuinamente brasileira.
Esse projeto de desenvolvimento defendido pelo PSB deve, obrigatoriamente, articular políticas públicas, agências de pesquisas e fomento, assegurando que a iniciativa converta-se em política de Estado.
Com informações do Jornal da USP