A droga é um forte anti-inflamatório e imunossupressor usado em doenças reumatológicas

Pesquisadores ingleses anunciaram nesta terça-feira (16) que a aplicação de um corticoide conhecido como dexametasona em pacientes internados com Covid-19 foi capaz de reduzir as taxas de mortalidade em cerca de um terço entre os casos mais graves de infecção.
Corticoide
A droga é um forte anti-inflamatório e imunossupressor usado em doenças reumatológicas. Ela foi aplicada em doses de 6 mg uma vez por dia em 2.104 pacientes no Reino Unido, que fizeram parte de um estudo clínico randômico que recebeu o nome de Recovery. Eles receberam a medição por dez dias e tiveram seu desempenho comparado com 4.321 pacientes que receberam apenas os os cuidados habituais.
Pesquisadores da Universidade de Oxford divulgaram os resultados para a imprensa, mas os dados ainda não foram submetidos a avaliação dos pares e não foram publicados em revista científica.
Os cientistas disseram que, dada a importância desses resultados para a saúde pública, estão trabalhando para publicar todos os detalhes o mais rápido possível. O medicamento está sendo avaliado em teste clínico no Brasil pela Coalização Covid Brasil, esforço dos hospitais Sírio Libanês, Albert Einstein, HCor e BricNet.
Método
Eles informam que, entre os pacientes que receberam a medicação, houve redução de um terço das mortes dos pacientes ventilados e de um quinto em outros pacientes recebendo apenas oxigênio. Não houve benefício para os pacientes que não necessitaram de suporte respiratório.
Já entre os pacientes que receberam os cuidados usuais isoladamente, a mortalidade em 28 dias foi mais alta naqueles que necessitaram de ventilação (41%), intermediária nos pacientes que precisaram apenas de oxigênio (25%) e menor entre aqueles que não necessitaram de intervenção respiratória ( 13%).
Com base nesses resultados, os pesquisadores apontam que, com o tratamento, uma morte seria evitada entre cada oito pacientes ventilados ou para cada 25 pacientes que necessitem apenas de oxigênio.
Em nota divulgada no site da universidade, Peter Horby, professor de doenças infecciosas emergentes do Departamento de Medicina de Nuffield, e um dos principais autores do trabalho, disse que a dexametasona é a primeira droga a mostrar que foi capaz de melhorar a sobrevida de pacientes com Covid-19.
“Este é um resultado extremamente bem-vindo. O benefício de sobrevivência é claro e grande nos pacientes que estão doentes o suficiente para necessitarem de tratamento com oxigênio. Portanto, a dexametasona deveria agora se tornar padrão de atendimento nesses pacientes. A dexametasona é barata na prateleira e pode ser usada imediatamente para salvar vidas em todo o mundo”, disse.
Com informações do Estadão.