
Países da União Europeia iniciaram neste domingo (27) o esforço coordenado para vacinar contra a Covid-19 os mais vulneráveis entre os quase 450 milhões de habitantes do bloco, marcando um momento de esperança na batalha do continente contra a pior crise de saúde pública em um século.
Trabalhadores do setor da saúde, idosos e líderes políticos receberam algumas das primeiras injeções, na tentativa de tranquilizar o público de que as vacinas são seguras e representam a melhor chance de conter a pandemia.
Algumas imunizações na UE acabaram, entretanto, ocorrendo um dia antes do combinado pelas autoridades europeias, em países como Alemanha, Hungria e Eslováquia. A administradora de uma casa de repouso alemã onde dezenas de pessoas foram vacinadas já no sábado (26), incluindo uma mulher de 101 anos, disse que “cada dia que esperamos já é um dia demais”.
Na Alemanha, o primeiro grupo a ser vacinado inclui pessoas com mais de 80 anos, cuidadores de idosos e funcionários de hospitais que estão particularmente expostos ao vírus. O país utiliza inicialmente equipes móveis de para aplicar as vacinas. A maioria dos mais de 400 centros de vacinação planejados do país começará a funcionar nos próximos dias.
Campanha de vacinação na UE
“Não doeu nada”, disse Mihaela Anghel, uma enfermeira do Instituto Matei Bals, em Bucareste, que foi a primeira pessoa a receber o imunizante na Romênia. “Abra os olhos e tome a vacina”, acrescentou.
Em Roma, cinco médicos e enfermeiras vestindo jalecos brancos sentaram em um semicírculo no hospital do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas Lazzaro Spallanzani para receber suas doses. “A mensagem é de esperança, confiança e um convite para compartilhar esta escolha”, disse a médica Maria Rosaria Capobianchi, que dirige o laboratório de virologia no instituto e foi parte da equipe que isolou o vírus no início de fevereiro. “Não há razão para se preocupar.”
O comissário do governo italiano para a pandemia, Domenico Arcuri, ressaltou o significado do fato de as primeiras doses de vacina da Itália serem administradas no Instituto Spallanzani, onde um casal chinês originário de Wuhan testou positivo em janeiro, se tornando os primeiros casos confirmados da Itália. Só mais tarde a região da Lombardia, no norte, se tornou o epicentro do surto na Europa. Itália agora registra o maior número de mortes confirmadas em decorrência do coronavírus do continente, com quase 72 mil.
Ao todo, as 27 nações da UE registraram pelo menos 16 milhões de infecções por coronavírus e mais de 336 mil mortes. Todos aqueles que estão recebendo as injeções terão que receber uma segunda dose em três semanas.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, divulgou um vídeo no sábado comemorando o lançamento da vacina, como “um momento tocante de união”.
Enquanto isso, no Brasil…
Enquanto a Europa avança na aplicação da vacina, o Brasil segue sem perspectiva real de distribuição do imunizante contra a Covid-19. No sábado (26), Jair Bolsonaro (sem partido) disse que não se sente pressionado pelo fato de outros países já terem começado a vacinar sua população.
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“Não dou bola para isso”, disse pela manhã, durante um passeio que fez por Brasília. Bolsonaro não utilizou máscaras durante todo o trajeto. Ele cumprimentou pessoas e entrou em estabelecimentos comerciais.
O mandatário deu a declaração ao ser questionado se o fato de outros países terem começado a imunizar suas populações poderia gerar uma pressão sobre o governo brasileiro.
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Mais de 40 países já começaram a imunizar a população contra a Covid-19 e a estimativa é que mais de dois milhões de pessoas já foram vacinadas em todo o mundo, com imunizantes produzidos pela Pfizer/BioNTech, Moderna, Sputnik V, Sinovac e Sinopharm.
Com informações da Deutsche Welle e G1