O governo de Jair Bolsonaro, envolto em denúncias de cobrança de propina para liberação de verbas para a educação, tem atuado em diversas frentes para conter o escândalo. Apesar da saída do pastor Milton Ribeiro do Ministério da Educação (MEC), a oposição trabalha para viabilizar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar as denúncias de que dois pastores evangélicos sem cargo no governo intermediavam e cobravam propina para liberar dinheiro do Fundo Nacional de Educação (FNDE).
Os parlamentares bolsonaristas alegam que a abertura de investigações a seis meses das eleições teria uso eleitoreiro. A pressão feita por parlamentares da bancada evangélica contra senadores para que retirassem o apoio à criação da CPI parece ter surtido efeito. As informações são do jornal O Globo.
Alguns parlamentares que vão disputar a reeleição em outubro retiraram suas assinaturas do requerimento apresentado por Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Dos 81 senadores, ao menos 31 devem se candidatar em outubro.
O vice-líder do governo no Congresso e ex-presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), foi um dos que pressionaram os senadores a desistir das investigações.
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A força do eleitorado religioso, o risco de que a CPI fosse interpretada como intolerância religiosa e o preço que poderiam pagar nas urnas foram alguns dos argumentos apresentados pelo emissário bolsonarista, de acordo com a reportagem.
Estratégia contra investigações
A investida faria parte da estratégia do governo para barrar as investigações. Em outra reportagem, o jornal mostrou a atuação do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que convocou aliados bolsonaristas a convencer os senadores a retirarem os nomes do requerimento.
Desde sexta-feira (8), retiraram seus nomes os senadores Weverton Rocha (PDT-MA), Styvenson Valentin (Podemos-RN) e Oriovisto Guimarães (Podemos-PR).
A senadora Rose de Freitas (MDB-ES), afirmou que não havia autorizado a inclusão de seu nome na lista.
O senador Otto Alencar (PSD-BA), que atuou na CPI da Covid e deve concorrer à reeleição, também teria sido pressionado por ter parte de seu eleitorado no segmento evangélico. Ele não chegou a assinar o requerimento.