
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no nordeste goiano, é uma das maiores reservas de Cerrado do país e pode perder 70% de seu território, ampliado há 5 anos. As principais pressões vêm de pessoas que alegam ser proprietários de terras e buscam indenizações.
Entre eles está o goiano André Augusto Ferreira Fontes, de 49 anos, o Dhomini, vencedor da 3ª edição do programa Big Brother Brasil. Existe ainda a proposta do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) n. 338/2021 que quer reduzir 175 mil hectares na unidade de conservação.
Seria o equivalente a reduzir 73% da área total do parque. A proposta é de autoria do deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO), tem o apoio da Bancada Ruralista, e aguarda despacho do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Ao ganhar o BBB, em 2003, Dhomini investiu os R$ 500 mil do prêmio em terrenos, carreira musical e posto de gasolina, mas os investimentos teriam dado errado, conforme ele mesmo admitiu em um comercial de banco.
Em entrevista ao site de jornalismo ambiental, ((o))Eco, Dhomini disse que espera indenizações pelas terras do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. O ex-BBB afirma ter comprado 34 hectares de um lote adquirido em 1992, que agora estariam dentro dos novos limites da reserva federal.
Pelo menos 500 pessoas estariam nessa mesma situação. Ele afirma que o governo deveria ter garantido recursos para pagar essas pessoas antes de ampliar a área protegida nos municípios de Alto Paraíso, Cavalcante, Nova Roma, Teresina de Goiás, São João da Aliança e Colinas do Sul.
“Somos a favor do aumento do parque, mas contra o roubo, a desapropriação indireta, o constrangimento e o abuso de autoridade do ICMBio. Queremos o rito da desapropriação, que nunca foi cumprido. Possuidores antigos estão morrendo sem receber suas indenizações. Isso é maldade da União com essas pessoas”, disse ao site.
Em sua página no Instagram, Dhomini pede ajuda ao presidente Jair Bolsonaro e a deputados, como Bia Kicis (União Brasil – DF). Com o documento de um imóvel em mãos, ele diz que o objetivo é mostrar “como funciona o Brasil comunista”.

Em outra postagem ele reclama da atuação de fiscais dentro do que seriam suas terras. O genro e sócio de Dhomini foi autuado pelo ICMBio por desmatamento na área.
Disse também que os “possuidores” de terras se uniram para pressionar órgãos ambientais e judiciais. Em fevereiro deste ano formaram uma comitiva, sob o comando do deputado federal Delegado Waldir para debater a redução da reserva com o presidente do ICMBio, Marcos Simanovic.
O deputado, que é pré-candidato ao Senado, disse ao O Eco que a proposta que reduz em mais de 70% a área total do parque visa oferecer uma solução para as famílias, a maior parte formadas por pequenos produtores que ficariam sem recursos, caso o governo não pague as indenizações.
“A solução é fácil, basta o ICMBio compensar as famílias. A Constituição garante a proteção ambiental, mas também o direito à propriedade. Se não há dinheiro, poderiam criar reservas particulares , mantendo as pessoas nas terras que preservaram. Temos ampla maioria no Congresso para aprovar o projeto”, disse o parlamentar.
O Sistema Federal de Cadastro Ambiental Rural (Sicar) mostra cerca de 1.000 imóveis nos limites do Parque. De acordo com a base federal de compensações ambientais há cerca de R$ 125 milhões que podem ser deslocados para as indenizações e consolidação da área protegida.
A vereadora de Alto Paraíso, Henny Freitas (Rede) disse que vai solicitar informações sobre os valores investidos e previstos para a indenização de imóveis e regularização fundiária do parque. Além de um posicionamento oficial do ICMBio quanto ao projeto do deputado Delegado Waldir. Henny Freitas integra o Mandato Coletivo Permacultural.