
A família Rigueira, que manteve Madalena Gordiano por 38 anos em condição análoga à escravidão, iniciou a retirada dos móveis e outros pertences do apartamento avaliado em R$ 600 mil localizado no Centro da cidade de Patos de Minas. A família está se mudando para a cidade de Araxá, também no interior de Minas Gerais, para que o dinheiro da venda do imóvel pague uma parte do acordo firmado entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o casal Dalton e Valdirene Rigueira, acusados de abusos e abandono em uma rotina de total precariedade contra Madalena.
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Segundo informações da PatosJa, o valor obtido será repassado integralmente à vítima, como forma de reparação dos danos morais e para quitar as verbas trabalhistas que foram negadas a Madalena durante todos os anos de serviço. O apartamento, avaliado em cerca de R$ 600 mil, tem uma dívida de aproximadamente R$190 mil, que será quitada após a venda.
Caso Madalena
Madalena Gordiano, de 46 anos, foi resgatada em novembro de 2020 após viver por 38 anos em condições análogas à escravidão, divididos entre as casas de Dalton e da mãe dele. Segundo a denúncia, ela trabalhava como empregada doméstica sem salário, sem concessão de folgas e obrigada a cumprir jornadas longas e exageradas.
A trabalhadora doméstica era mantida num quartinho sem janela, tinha poucos pertences, não se sentava à mesa com os demais moradores da casa, mas ao ser interrogado, um dos acusados disse que ela era “como se fosse da família”.
Em entrevista recente, Madalena afirmou não ter interesse em voltar a morar onde passou seus últimos anos, e deve prosseguir em Uberaba, onde mora desde que foi resgatada da casa da família Rigueira.
O cálculo do valor a ser pago a Madalena por 14 anos de trabalhos teve como base o valor de um salário mínimo mensal, de R$ 1.045. Os 14 anos de pagamento foram definidos considerando os anos que Madalena trabalhou na casa da família Rigueira, de 2006 a 2020.
Estão previstos para entrar no acordo os benefícios como 13° salários, férias, 1/3 de férias, aviso prévio, multa de FGTS e indenização por trabalho em finais de semana e feriados. Dalton Rigueira e Valdirene Rigueira ainda deverão pagar uma indenização por danos morais causados à vítima.
Com informações do jornal O Tempo e Folha de S.Paulo