A possibilidade de formar federação partidária para as próximas eleições divide opiniões dentro do PSB. Dois importantes quadros do partido divergem sobre o tema. Após o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, se posicionar contrariamente a esse tipo de união com outras legendas, foi a vez de Flávio Dino, governador do Maranhão, vir a público defender a possibilidade.
Em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta terça-feira (4), Casagrande criticou a formação de federação por acreditar que vai “acomodar o partido”.
“Eu, pessoalmente, sou contra o partido fazer federação. Acho que a federação partidária acomoda o partido. Independentemente de quem se coligue com o PSB, eu sou contra. É um equívoco”
Renato Casagrande
Flavio Dino, por sua vez, defendeu a necessidade de união dos partidos progressistas e destacou que isso depende de “perseverança, diálogo e concessões recíprocas”.
Renato Casagrande disse que ainda que embora as negociações com o ex-governador Geraldo Alckmin para uma possível filiação ao PSB estejam em curso, ela é dissociada das conversas para a união com o PT.
“A filiação de Alckmin não está vinculada totalmente a uma aliança nossa com o PT. Ele pode se filiar e o partido, por exemplo, ter outra pessoa na aliança. Ou ele pode não se filiar ao PSB, e o partido fazer aliança com o PT”, disse na mesma entrevista.
O tempo dirá
Ao Socialismo Criativo, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, reafirmou sua posição contrária às federações. Porém, avalia que é um instrumento que está posto, independentemente de sua vontade.
Siqueira pondera, contudo, que os partidos ainda não estão preparados para esse tipo de união, já que os desafios para que ela se concretize são novos e inúmeros.
E questiona se a “vocação hegemônica” ou “exclusivista” do PT não será mais um ponto “problemático para ser definido”.
Por isso, Siqueira afirma que só o tempo será capaz de mostrar se há o amadurecimento necessário para esse tipo de aliança.
“Ainda não estamos preparados, isso tenho certeza. Se estaremos, só o tempo dirá”, avalia.
Parlamentares defendem federação
O deputado Bira do Pindaré (MA), que assume a liderança do PSB na Câmara em fevereiro, disse ao Socialismo Criativo que considera a formação da federação “fundamental”.
“É uma experiência adotada em vários países do mundo e precisamos desse instrumento para unificar o campo de esquerda nesse grande desafio q é enfrentar o bolsonarismo”, defende.
O atual líder da bancada, Danilo Cabral (PE), destacou à Carta Capital o posicionamento da bancada e dos presidentes dos diretórios estaduais.
“Em reunião antes do recesso parlamentar, com a presença de 25 integrantes da bancada, 24 se posicionaram favoravelmente à proposta. A direção nacional também consultou os diretórios estaduais. Neste caso, dos 26 presidentes estaduais, 21 foram favoráveis à mesma federação”, disse.
Integrante da Executiva Nacional do PSB e coordenador do site Socialismo Criativo, o ex-deputado Domingos Leonelli destaca que a decisão final será tomada em conjunto com os integrantes do partido.
“A decisão final sobre a federação, obviamente, ficará com o Diretório Nacional do PSB que deverá se reunir até o começo de fevereiro”, afirma.
O que é a federação?
A federação partidária é a união de dois ou mais partidos. Podem durar por tempo indeterminado, mas deve atuar por, no mínimo, quatro anos.
A federação só pode ser extinta antes dos quatro anos mínimos se os partidos que a compõem se fundirem ou um deles incorporar os demais.
Além disso, essa união das legendas deve ser estabelecida em todas as esferas. O que significa que não são permitidas alianças em âmbito federal diferente do que for firmado nos estados e/ou municípios.
Vai além das eleições e prevê o alinhamento programático e ideológico dos partidos enquanto durar a união.