O impacto econômico de um evento cultural como a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), que encerrou neste domingo (14 de julho) a sua 17a edição, gira em torno de R$ 40 milhões a cada ano. Os benefícios vão muito além do simples entretenimento e geram renda, arrecadam impostos e criam empregos. A Flip colocou o Brasil no circuito dos festivais internacionais de literatura e hoje é uma das principais festas literárias do mundo. Uma experiência concreta de como a economia criativa pode impulsionar o desenvolvimento das cidades.
O município de Paraty, inclusive, junto com Ilha Grande (RJ), se tornou o primeiro sítio misto — reconhecido por suas riquezas naturais e culturais — do patrimônio mundial localizado no Brasil pela Unesco. Situada na região da Costa Verde fluminense, a cidade cuida da Mata Atlântica ao redor das águas da baía da Ilha Grande; abriga cultura indígena, quilombola e caiçara em harmonia com a biodiversidade; mantém registro arqueológico da ocupação humana no território; preserva as relações histórias de cidade colonial; e impulsiona a dinâmica urbana do seu centro.
Neste final de semana de festa literária, a bela Paraty obteve, segundo a Secretaria Municipal de Turismo, a taxa de ocupação de 100%. Os empresários locais consideram a festa literária mais rentável do que o Réveillon, em que a ocupação chega a 90%. A expectativa é que a edição de 2019 supere os números expressivos de 2018.
Em 2018, a Flip gerou mais de mil postos de trabalho e o total de tributos arrecadados foi de R$ 2,46 milhões, incluindo municipais, estaduais e federais. Esses indicadores são do programa Rio de Janeiro a Janeiro, para o qual a Fundação Getúlio Vargas (FGV) desenvolveu uma metodologia que permitiu mensurar dados como esses e comprovar que o retorno financeiro de um evento cultural vai muito além do investido.
A Flip tem o objetivo de difundir a cultura, o incentivo à leitura e a defesa e preservação do patrimônio cultural e imaterial. Cada edição presta homenagem a um autor brasileiro — este ano foi Euclides da Cunha — e reúne um vigoroso time de escritores, de diferentes origens e perspectivas, para se encontrar com o público em Paraty.
Cada detalhe do evento é pensado a partir da transformação dos espaços públicos, que ano após ano vão acumulando camadas de apropriação afetiva por visitantes e moradores. O encontro da literatura com as ruas resulta em uma experiência singular a céu aberto, que começou a ser construída uma década antes da primeira Flip, e se aprofunda com ações voltadas ao território e de caráter educativo que a Flip realiza durante o ano todo em Paraty.