
O forró se tornou patrimônio imaterial brasileiro, nesta quinta-feira (9). A decisão é do Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (Iphan), que considerou a expressão musical como supergênero por agrupar ritmos como baião, xote, xaxado, chamego, miudinho, quadrilha e o arrasta-pé.
“Manifesto-me plenamente favorável ao registro pelo Iphan das matrizes tradicionais do forró, munidas das formas de expressão com abrangência nacional”, afirmou a relatora do processo no Iphan, Maria Cecília Londres Fonseca.
O processo para reconhecimento do forró como patrimônio imaterial do Brasil durou 10 anos.
Em 2019, o Iphan iniciou uma pesquisa nos nove estados do Nordeste, além do Distrito Federal, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. O intuito é entender e identificar como se expressa esse supergênero musical.
Depois, Minas Gerais também entrou nos estudos e houve pesquisas com a identificação de festivais de forró, bem como no Espírito Santo.
De acordo com a relatora do processo no conselho do Iphan, Maria Cecília Londres Fonseca, “a pesquisa aponta que a primeira menção à palavra forró foi localizada em um jornal amazonense de 1914, referiu-se a seringueiros cearenses possivelmente em suas atividades festivas”.
Segundo a relatora, a pesquisa também identificou que o mais provável é que a palavra forró venha do termo forrobodó. O termo já era utilizado em dicionários desde o fim do século XIX como atendendo a práticas pejorativas.
Leia também: Imortal: Gilberto Gil é eleito para Academia Brasileira de Letras
Forrozeiros em festa
De acordo com a Associação Cultural Balaio Nordeste, que deu entrada no processo para tornar o forró patrimônio imaterial, afirma que o título será entregue durante o IV Encontro Nacional de Forrozeiros, que acontece de 13 a 17 de dezembro, em João Pessoa.
“É uma grande conquista para aqueles que valorizam o ritmo que mais representa o povo nordestino, o Forró, e que transmite os saberes e fazeres de um povo, na forma de tocar, dançar e se relacionar, tornando-se um símbolo expressivo do imaginário nordestino”, afirma.
Junto ao pedido no Iphan, foram anexados uma coletânea de livros, LPs e DVDs de forró e um documento com mais de 400 assinaturas de representantes das comunidades forrozeiras de todo o país com a solicitação de ações de sustentabilidade e salvaguarda do ritmo.
Em 2015, a Associação junto com os participantes do Encontro Nacional para Salvaguarda das Matrizes do Forró, realizado também em João Pessoa, elaborou e enviou ao Iphan uma Carta de Diretrizes para Instrução Técnica do Registro das Matrizes do Forró como Patrimônio Cultural do Brasil, documento que visa orientar todo processo de pesquisa que envolverá a produção do Dossiê de patrimonialização.
A partir daí, fóruns e audiências públicas foram realizados em vários estados do país: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo, Sergipe e no Distrito Federal.
“Os encontros, fóruns e audiências têm possibilitado o diálogo entre forrozeiros de todo o país e com as instâncias governamentais e irá trazer essa grande conquista que é tornar o nosso forró patrimônio cultural do país. Viva o Forró, viva a cultura nordestina!”, celebra a associação.
Forró veio de forrobodó ou for all?
De acordo com a pesquisa do Iphan, o forró ocorria como uma criação artística relativa ao universo do homem sertanejo. A primeira gravação com o termo “forró” foi feita em 1937 pelos músicos Xerém e Manoel Queiroz, intitulada “Forró na roça”.
Mas foi Luiz Gonzaga o principal divulgador e representante do forró em todo o país. No começo de tudo, o gênero musical era tocado com três instrumentos apenas: a sanfona, o zabumba e o triângulo. Em seguida, outros instrumentos foram acrescentados à musicalidade, como o pandeiro, a guitarra e a bateria.
As versões para o surgimento da palavra forró são diversas. De acordo com a Enciclopédia da Música Brasileira (1998), a palavra trata-se de uma derivação do termo africano forrobodó, termo esse que é sinônimo de festa, de arrasta-pé ou farra.
Segundo a relatora, a pesquisa também identificou que o mais provável é que a palavra forró venha do termo forrobodó. O termo já era utilizado em dicionários desde o fim do século XIX como atendendo a práticas pejorativas.
Outra versão aponta a origem no termo inglês for all (para todos), vinda da época em que os funcionários ingleses trabalhavam nas construções das ferrovias em Pernambuco e organizavam festas e bailes abertos ao público. Na entrada das festas, escreviam a expressão. A apropriação do povo nordestino abrasileirou a expressão e a transformou no agora patrimônio imaterial ‘forró’.
PSB e a cultura brasileira
Em seu processo de Autorreforma, o PSB valoriza a importância da cultura para o país.
“A cultura, em suas três dimensões – a simbólica, a cidadã e a econômica – é fundamental para a definição de um verdadeiro Projeto Nacional de Desenvolvimento. É o que permite pensar o desenvolvimento, dando nitidez ao sonho”, afirma no texto da Autorreforma.
Além da importância da cultura como forma de expressão da população, o PSB defende a necessidade de tratar as mais diversas manifestações culturais como um patrimônio que pode e deve ser revertido em renda para os trabalhadores que promovem e compõem a cadeia produtiva o setor. E, consequentemente, contribuir para o desenvolvimento do país.
“Potencializar essa capacidade indutora depende de um planejamento central, que contemple políticas para as cidades criativas, e investimentos públicos e privados na promoção turística internacional, na qualificação técnica e profissional e na logística. Depende, também, de uma nova visão orçamentaria da União e dos estados, que leve em conta a realidade de que o turismo e a cultura, a despeito de representarem juntos mais de 6% do PIB brasileiro, contam apenas com pouco mais de 1% do Orçamento da União”, defende o partido em sua Autorreforma.
Com informações do g1