O posicionamento do líder da minoria na Câmara dos Deputados e deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) ao dizer que busca aproximar o campo progressista com o centro, no debate político, gerou incômodo entre líderes e correligionários do PSOL.
Em recente entrevista para o Estadão, Freixo declarou que busca alavancar uma eventual corrida ao Palácio Guanabara em 2022 e citou possíveis apoios do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e do ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ambos do Democratas. Sua sigla, porém, nega a possibilidade de que a aproximação ocorra.
Durante a declaração para o jornal, o parlamentar também defende uma aliança de centro-esquerda para derrotar o fascismo.
“Considero que não podemos errar. Não temos o direito de correr o risco de sermos derrotados novamente. Estou priorizando a defesa da democracia. Tenho muito respeito por todos do PSOL. Construímos muita coisa juntos. Por isso, quero ouvir e aprender com todos os companheiros. Não é um debate simples, mas temos que fazer”, concluiu Freixo para a jornalista Camila Mattoso.
Em suas redes sociais, o psolista declarou que para “enfrentar Bolsonaro é enfrentar a pandemia, a fome e as ameaças à democracia” e que para derrotar tais ameaças, é necessário “dialogar, construir pontes e buscar o que temos em comum”.
Enfrentar Bolsonaro é enfrentar a pandemia, a fome e as ameaças à democracia. E para derrotá-lo precisamos dialogar, construir pontes e buscar o que temos em comum no campo progressista e com as forças políticas dispostas a combater essa política da morte.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) April 6, 2021
Segundo membros do PSOL, os posicionamentos ideologicamente destoantes indicariam uma possível saída de Marcelo Freixo do partido. Se antecipando de uma possível cisão entre Freixo e PSOL, partidos da centro-esquerda, como o PT e o PDT, têm sinalizado disposição em abrigar o deputado.
“Freixo e eu mantemos conversas no sentido de uma aliança ampla, que esbarra nos planos de muita gente no PSOL”, afirmou o presidente do PDT, Carlos Lupi.
Resistência do PSOL
De acordo com o jornal O Globo, o PSOL ainda se mantêm resistente a uma possível aliança partidária para o pleito de 2022. O partido, O PSOL, que já chegou a proibir textualmente alianças com o Centro, autorizou apenas em 2020 acordos com partidos de esquerda, como PT, PDT e PSB, sem necessidade do aval da direção nacional.
Para integrantes do partido, há questões “inconciliáveis” com siglas como DEM e PSDB, especialmente na pauta econômica, o que causa rejeição na base partidária. Em resolução publicada no último mês, a direção nacional do PSOL defendeu, por ora, a “unidade das esquerdas” em 2022, sinalizando um possível apoio ao ex-presidente Lula (PT).
Segundo o vereador Chico Alencar, o PSOL buscará uma decisão coletiva sobre alianças. Ele afirma que o “PSOL busca ser partido, e não ‘marca’ para trajetórias individuais”.
“Qualquer um de nós, parlamentares, tem todo o direito de apresentar suas visões, inclusive de política de alianças. O diretório se reunirá para avaliar cenários para 2022 e depois, numa reunião ampliada, Freixo poderá apresentar sua ideia de aproximação até eleitoral com a centro-direita, inédita no partido”, disse.
Com uma reunião agendada nesta terça (6), o presidente do diretório da sigla no Rio, Carol Castro, afirma que tratará de “prioridades no momento (que) são o enfrentamento a Bolsonaro e a Cláudio Castro”, além do combate à pandemia, e que o debate sobre alianças ainda “precisa ser amadurecido, respeitando as instâncias internas e o tempo de formulação do partido”. Ela afirma ainda que o debate sobre 2022 envolverá Freixo e “demais figuras públicas do partido”