
O músico baiano Gilberto Gil tomou posse como imortal na Academia Brasileira de Letras (ABL), nesta sexta-feira (8). Gil, que foi eleito em novembro de 2021, citou momentos difíceis da sua vida e fez um paralelo com o momento político brasileiro atual.
“Tive grandes êxitos e alegrias nesta vida, mas também muitas tristezas, a maior e mais dolorosa, a perda do meu filho Pedro Gil. Mas não desanimo e é preciso resistir sempre. Apesar dos tempos politicamente sombrios que vivemos aposto na esperança contra a treva física e moral. Que haja ao menos a chama de uma vela até chegarmos a toda a luz do luar”, disse o músico.
Ele também afirmou que ser membro da ABL, em meio a tantas honrarias recebidas ao longo da vida, é especial.
“Não só porque a ABL é a casa de Machado de Assis, escritor universal, afrodescendente como eu, mas também porque a ABL representa a instância maior, que legitima e consagra, de forma perene, a atividade de um escritor ou criador de cultura em nosso país. Sou filho de uma professora primária e um médico. A eles devo o meu amor às letras e música. A imagem dos meus pais está comigo nessa noite e sua memória para mim é uma benção”, afirmou.
Apesar de ter dito que não iria cantar durante a cerimônia, cantarolou trechos de sua música Luar.
“Se a noite inventa a escuridão, a luz inventa o luar. O olho da vida inventa a visão, doce clarão sobre o mar”.
Ele é o segundo negro a ocupar uma vaga na academia na atualidade. O outro imortal é o escritor e professor Domício Proença Filho, que foi presidente da academia em 2016 e 2017.
Gil e a cultura brasileira
Gilberto Gil é um cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor musical cuja obra se confunde com a própria música brasileira. Entre 1998 e 2019, ele recebeu 9 prêmios Grammys, segundo a sua página oficial. Em 1999, foi nomeado “Artista pela Paz”, pela Unesco.
Clássicos como “Aquele Abraço”, “Vamos Fugir”, “A Novidade”, “Cálice”, “Esotérico”, “Divino Maravilhoso” são de sua autoria.
Em sua discografia são mais de 60 álbuns e quase 4 milhões de cópias vendidas.
Gil também publicou livros, como ‘Gilberto bem Perto’, Disposições Amoráveis’ e “Cultura pela palavra: artigos, entrevistas e discursos dos ministros da cultura 2003-2010”.
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O músico foi ministro da Cultura entre 2003 e 2008, durante os mandatos do ex-presidente Lula (PT). Antes, foi nomeado embaixador da Organização das Nações Unidas (ONU) para agricultura e alimentação.
O posto de ‘imortal’ deverá ser assumido por Gil em março de 2022, quando termina o recesso de final de ano da ABL.
Antes, a cadeira 20 estava ocupada pelo acadêmico e jornalista Murilo Melo Filho, que morreu em maio de 2020.
Com informações do Metrópoles e g1