
Conhecido como o combustível do futuro, o Hidrogênio Verde (H2V) deve ganhar novo espaço no Brasil, mais precisamente em Pernambuco. O governador do estado, Paulo Câmara (PSB), anunciou que a empresa Qair Brasil já iniciou estudos de viabilidade técnica e econômica para a implantação de uma unidade de produção de hidrogênio verde no Porto de Suape. O gestor comemorou a geração de empregos que o investimento vai possibilitar.
O investimento na principal aposta da indústria mundial para suprir demandas energéticas sem emissão de gás carbônico poderá chegar a US$ 3,8 bilhões, ou seja, cerca de R$ 20 bilhões. O grupo francês atua no Brasil desde 2018, em diferentes Estados da região Nordeste. Em pouco mais de três anos, o grupo já investiu R$ 2,7 bilhões no país.
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Hidrogênio verde é 100% renovável
Mais de 90% do hidrogênio produzido atualmente no mundo é obtido por meio da reforma do gás natural, portanto é de origem fóssil e não renovável. Um problema grande, já que é considerado uma matéria-prima muito importante para a indústria, sendo utilizado em larga escala, por exemplo, no processo de refino de petróleo.
Em um mundo que procura diminuir drasticamente a utilização de combustíveis fósseis, o hidrogênio verde ganha um importante espaço. A matéria-prima é obtida a partir de fontes de energia 100% renováveis, já que é obtida pela usina de eletrólise que separa o oxigênio e o hidrogênio da água. O H2V é insumo para muitas indústrias, já existindo até como combustível para veículos. Também é utilizado para produzir amônia, um dos principais fertilizantes para o agronegócio, do qual o Brasil é um importante consumidor.
Governo socialista comemora empregos
Os estudos de viabilidade, tanto em Pernambuco quanto no Ceará, devem levar cerca de um ano para serem concluídos. “Nosso Estado é o melhor lugar para esse investimento pela visão estratégica de Suape”, disse o secretário de desenvolvimento econômico de Pernambuco, Geraldo Júlio. Caso se concretize, este será o segundo maior investimento da história do Estado, atrás apenas da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras.
Ainda segundo Geraldo Júlio, o governo de Pernambuco tem um trabalho ativo nas políticas de atração de investimentos, com prioridade para os que ajudam o planeta a reduzir as emissões de carbono. “Nosso Estado é o melhor lugar para esse investimento, inclusive pela visão estratégica de Suape”, pontuou o secretário de Desenvolvimento Econômico.
Quando consolidado, o empreendimento pode vir a se transformar no segundo maior da história do estado. O governador Paulo Câmara comemorou a geração de empregos que deve ocorrer a partir da consolidação do investimento.
“É um investimento que pode chegar a três bilhões e oitocentos milhões de dólares, o equivalente a mais de 20 bilhões de reais. Mais um grande empreendimento que vai criar empregos e renda no nosso Estado”
Hidrogênio verde é inovação mundial
A planta em Pernambuco vai dispor dos processos combinados de eletrólise, bombeamento e liquefação, permitindo o envio do produto para longas distâncias, além da reforma de gás natural. O diretor- presidente do Suape, Roberto Gusmão, considera que o projeto mostra a capacidade do Complexo e sua diversidade em abraçar indústrias de vários tipos.
“Estamos de olho no futuro, já que o hidrogênio verde é uma inovação mundial, tem grande potência de investimento, sustentabilidade e desenvolvimento da economia verde”, comentou o diretor-presidente.
O CEO da Qair Brasil, Jorge Borrell agradeceu o empenho do executivo estadual para iniciar os estudos. “Foi uma agradável surpresa para nós o comprometimento e a agilidade com que o governo de Pernambuco acolheu nossa demanda. Gostamos de parcerias assim. Acredito que esse será o primeiro de outros projetos que podemos vir a desenvolver em Pernambuco”, afirmou Borrell.
Ceará também pode ser contemplado
A empresa que prepara os investimentos em Pernambuco também avalia atualmente a implementação de outra unidade de produção de hidrogênio verde no Ceará, de porte semelhante à pernambucana. Os projetos não são excludentes.
Segundo o diretor de operações da Qair Brasil, Gustavo Rodrigues da Silva, em entrevista ao jornal Valor Econômico, a ideia é seguir adiante com os dois projetos. “Há uma pressão geopolítica imensa para esse mercado, a gente acredita que ele vai abrir e quem chegar primeiro vai se beneficiar”, afirmou. O grande alvo da empresa é atender os mercados europeu e americano, que cada vez mais demandam fontes de energia limpa.
Hidrogênio verde no governo federal
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, confirmou que o governo irá lançar, em 60 dias, as diretrizes para o Plano Nacional do Hidrogênio. A declaração do ministro ocorreu em seu discurso na 12ª Reunião Ministerial de Energia Limpa (CEM), que contou com a participação de 29 países e a Comissão Europeia.
“Em 60 dias, vamos apresentar as diretrizes para o nosso Plano Nacional de Hidrogênio”, disse o ministro em videoconferência.
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) já havia aprovado a elaboração das diretrizes do PNH no final do mês de abril. As novas normas, segundo o Ministério de Minas e Energia, vão balizar o desenvolvimento da infraestrutura de produção de hidrogênio, seu armazenamento, transporte e distribuição.
As diretrizes deverão ainda nortear como o hidrogênio será inserido na matriz de consumo em setores-chaves, como transportes, siderurgia e fertilizantes.
Autorreforma
A Autorreforma do PSB considera que a parcela de energia renovável está se expandindo e pode contribuir para o crescimento da renda, do emprego e do acesso dos mais pobres à energia limpa, o que pode ser um vetor para se atingir de forma mais rápida as metas do desenvolvimento sustentável. Segundo os socialistas, o Brasil tem 82,9% de sua matriz elétrica originada de fontes renováveis. A participação é liderada pela hidrelétrica (64,9%), seguida de eólica (8,6%), biomassa (8,4%) e solar centralizada (1,02%).
Apesar da liderança mundial no uso de energias limpas e renováveis, o uso de combustíveis fósseis ainda é muito marcante, notadamente para o transporte. A Autorreforma afirma que é necessária a substituição crescente do diesel, da gasolina e do gás natural por novas fontes, como a energia elétrica, o biocombustível, o etanol, o hidrogênio e a energia eólica (carros movidos a ar comprimido), além de garantir os avanços já conquistados com o uso crescente da mistura de biocombustível ao diesel.
“O PSB propugna a necessidade de recuperação da capacidade do Estado na formulação menos tímida da política energética de longo prazo, visando a um desenvolvimento assentado nos preceitos da sustentabilidade por meio do aumento das fontes de energias renováveis em sua matriz energética ao mesmo tempo em que se opõem fortemente à ideia da privatização crescente do setor energético por considerá-lo um bem público e de caráter estratégico.”
Autorreforma do PSB
Com informações de Diário de Pernambuco