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Foto: Canva
A crise climática é o cenário da Quarta Revolução Industrial. É um grande risco e também um grande incentivo ao investimento. Países como Chile, Cingapura, Noruega e Reino Unido buscam projetos que apoiam a sustentabilidade e a energia renovável. Investidores privados estão atentos a oportunidades ligadas ao aumento da demanda por produtos e serviços de baixa emissão e baixo impacto ambiental, como veículos elétricos ou hambúrgueres feitos à base de plantas.
No Brasil, os problemas para levar adiante projetos de infraestrutura que respeitem o meio ambiente não estão na legislação ambiental nem na crise econômica que escasseou os investimentos públicos. Em alguns casos, instituições internacionais têm dinheiro disponível, mas não conseguem emprestar para o país. A avaliação é do diretor de Estudos, Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ivan Oliveira. Durante a 1ª Conferência Ministerial Regional das Américas sobre Economia Verde, em Fortaleza, em junho passado, ele pediu mais engajamento do Brasil e das instituições multilaterais (bancos internacionais com capitais de diversos países) para destravar o financiamento a projetos sustentáveis no país.
Para Oliveira, o caso mais emblemático ocorre com o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB na sigla em inglês). Criada em 2014 pelos países do Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, a instituição emprestou poucos recursos ao país até hoje.
“O Brasil hoje acessa menos recursos do que aportou para o NDB, que é um banco que tem algo a dizer em relação à economia verde. Porque foi criado com um perfil já de financiamento de infraestruturas e projetos sustentáveis. Está no DNA do banco a agenda de sustentabilidade”.
Ivan Oliveira – Ipea
O governo do Reino Unido anunciou no dia 17 de julho investimento de 80 milhões de libras esterlinas (cerca de R$ 370 milhões) no Brasil até 2023. Os recursos serão utilizados para projetos de desenvolvimento econômico, com destaque para iniciativas de transição para uma economia de baixo carbono. O setor de energia receberá 25 milhões de libras (R$ 115 milhões).
O Chile se prepara para sediar o maior evento ambiental do mundo, a 25ª Conferência do Clima (COP25), na capital Santiago, entre 2 e 13 de dezembro. O Brasil seria a sede, mas anunciou sua desistência no final do ano passado, alegando problemas orçamentários. Autoridades chilenas responsáveis por fundos de US$ 24 bilhões estudam aumentar investimentos em projetos que considerem questões ambientais, sociais e de governança e priorizar os ecologicamente corretos.
Em Cingapura, estão sendo criados fundos de investimento que tenham impacto social ou ambiental mensurável, além do retorno financeiro. Em março, a Noruega anunciou que pretende reduzir os investimentos em carvão de seu fundo soberano, hoje estimado em US$ 1 trilhão, para aumentar infraestrutura de energia renovável.
Investidores privados estão de olho nos projetos verdes. Em junho, um grupo de 88 pesos pesados, com valor de mercado superior a US$ 15 trilhões, lançou um apelo por mais transparência sobre o impacto ambiental de 707 companhias baseadas em 46 países, entre elas gigantes do setor de combustível fóssil, como as petroleiras BP, britânica, e Chevron, americana, e as grandes do varejo on-line, o chinês Alibaba e a americana Amazon.
Fundo Amazônia em risco
Na contramão dos países alinhados à sustentabilidade para a Era da Informação, o desmonte das políticas públicas ambientais promovido pelo atual governo pode acabar com o Fundo Amazônia. Criado em 2008, o fundo é administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A maior parte das doações vem da Noruega e da Alemanha. Ao todo, tem R$ 3,4 bilhões em doações destinadas à conservação da floresta e à redução do desmatamento.
Desde maio, o governo federal tenta negociar alterações no Fundo Amazônia para permitir, por exemplo, o uso dos recursos para indenizar proprietários rurais em unidades de conservação. Outra mudança é a extinção do Comitê Orientador do Fundo Amazônia (Cofa), por meio de um decreto publicado em abril.
O embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel, afirmou na quinta-feira (18), em entrevista à Rede Globo, que o uso de recursos do Fundo Amazônia tem “limites” e que destinar a verba para indenizar donos de terras será “difícil”.
Com informações da Agência Brasil, Suno Research, UOL, Info Exame e G1