Novo movimento em defesa da Amazônia une organizações eclesiais, pesquisadores e artistas

A Igreja Católica tem reforçado crítica à atuação do governo Bolsonaro na preservação da Amazônia e das populações que vivem na região. Investidores internacionais, CEOs de empresas nacionais e estrangeiras com interesses no Brasil, ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central, e dos três maiores bancos privados do país, também já demonstraram insatisfação com ações do governo em relação ao desmatamento.
O novo movimento católico, que surge junto com documento contra o governo assinado por 152 bispos e arcebispos, recebeu o nome “Amazoniza-te”. A campanha defende a Amazônia diante das fragilidades expostas pelas pandemia e pela crise socioambiental, agravada pelo aumento do desmatamento.
O movimento foi estruturado pela Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas também estão presentes o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) além das organizações Mídia Ninja e Movimento Humanos Direitos.
Em live anunciando seu lançamento, Dom Erwin Krautler, bispo emérito da Prelazia do Xingu e vice-presidente da Repam Brasil, fez um apelo à sociedade. “Sensibiliza-te, toma consciência, acorda antes que seja tarde demais”, suplicou o bispo.
O presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, lembrou que a campanha “é um convite, uma convocação e uma oportunidade para viver em solidariedade com a floresta e com os povos da Amazônia”. Disse que o conceito remete ao aprendizado. “Amazoniza-te é uma escola para nós. Temos que aprender a respeitar culturas diferentes e a preservar o ambiente”.
Amazoniza-te
A campanha “Amazoniza-te” está estruturada em três eixos. O primeiro chama a atenção à vulnerabilidade dos povos indígenas e das comunidades tradicionais à contaminação pelo novo coronavírus.
Documento assinado por bispos, sem o aval da CNBB, relembrou vetos feitos pelo presidente Jair Bolsonaro em relação a proteção dos povos indígenas durante a pandemia.
O segundo quer conscientizar a comunidade nacional e internacional para a “acelerada destruição do bioma” pelo “aumento descontrolado” do desmatamento, das queimadas, da invasão de territórios indígenas e das comunidades tradicionais pela grilagem, mineração, garimpo, pecuária e plantio de monoculturas.
O último eixo cita a “violação sistemática da legislação de proteção ambiental e o desmonte dos órgãos públicos”.
A campanha durará três meses e terá ações com o objetivo de repensar o consumo ou a relação homem e natureza. A ideia é chamar a atenção da opinião pública brasileira e internacional “sobre o perigo ao qual está exposta a vida na Amazônia”.
Com informações do Valor.