Com 57% de rejeição e fortes chances de perder para Lula no primeiro turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro começou a formar seu comitê de campanha.
O comando está a cargo do filho 01 do atual presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O filho 02, vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), deve seguir no comando raivoso das redes sociais.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP) e o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, também integram o grupo.
01 no comando da campanha
Flavio Bolsonaro é investigado no caso das rachadinhas. Denúncias do Ministério Público do Rio de Janeiro apontam que ele ficou com parte ou todo o salário de assessores de seu gabinete quando era deputado estadual no Rio.
O senador foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro pelo esquema de rachadinhas em novembro de 2020. O ex-assessor de Flávio Fabricio Queiroz e outros 15 investigados também são alvo do MP.
Para os investigadores, Flávio Bolsonaro é chefe de uma organização criminosa que atuou em seu gabinete na Assembleia Legislativa entre 2007 e 2018, e parte dos recursos movimentados no esquema foi lavada em uma franquia de chocolate da qual ele é sócio.
Promotores investigam ainda se a “rachadinha” teria sido usada para financiar uma milícia que era comandada pelo ex-policial Adriano Nóbrega, morto em fevereiro do ano passado.
Danielle Mendonça, ex-mulher de Nóbrega, trabalhou como assessora de Flávio. Em conversas de WhatsApp acessadas pelos investigadores, ela disse que o ex-marido ficava com parte do salário que ela recebia do gabinete.
Assim como o irmão mais velho, Carlos Bolsonaro também é acusado no escândalo das rachadinhas. O 03 também é apontado pela Polícia Federal (PF) como um dos articuladores do esquema criminoso de fake news. As investigações ocorrem no âmbito do inquérito das fake News, conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Da Papuda aos palanques estaduais
Condenado a sete anos e dez meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva no julgamento do mensalão, Valdemar Costa Neto ficou a coordenação dos palanques nos estados.
Ele ficou preso entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014, quando passou para o regime semiaberto. A prisão não alterou o poder político.
Dentro e fora do Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, o presidente do PL continuou dando as cartas.
O poder do político é tamanho que ele contribuiu, em 2014, para derrubar o então ministro dos Transportes Cesar Borges, seguiu definindo líderes partidários e até encaminhou votações na Câmara dos Deputados.
Lava-Jato presente na campanha
Já a Ciro Nogueira, investigado em ações derivadas da Lava-Jato por suspeita de recebido pagamentos da OAS em troca de apoio em votação no Senado, cabe fazer a análise das pesquisas de intenção de voto e mapear as ações do Executivo que possam ser exploradas positivamente.
Em outro caso envolvendo o nome do ministro, os investigadores apuram se Ciro exerceu influência na liberação de um financiamento para a Engevix na Caixa Econômica Federal.
Ciro Nogueira também já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) duas vezes: em um caso é acusado de receber propina de R$ 7,3 milhões da Odebrecht em troca de apoio no Congresso. Em outro, é suspeito de obstruir investigações ao atuar para mudar depoimento de um ex-assessor do PP que colaborava com a Justiça.
Caixa dois de Onyx
Já Onyx Lorenzoni é um dos poucos que continuou no governo desde 2018.
Mas deve cuidar também de sua própria campanha ao governo do Rio Grande do Sul.
Em 2020, Onyx fez um acordo com a PGR para encerrar investigação de caixa dois em suas campanhas de 2012 e 2014.
Ele admitiu ter recebido doações para as campanhas. Para encerrar o processo, ele ficou de pagar R$ 189 mil.
As denúncias foram feitas pelos delatores da JBS.
Com informações do Congresso em Foco, O Globo, CNN e Folha