Para pensar projetos em desenvolvimento no campo da memória – espaços de atuação e meios de multiplicação –, o Itaú Cultural lança nesta segunda-feira (21), às 17h, a plataforma online Transversalidade da Memória. No evento, que será transmitido ao vivo pelo site da instituição, será exibido o documentário “Esse Viver Ninguém me Tira”, sobre a trajetória de Aracy Moebius de Carvalho, esposa do escritor Guimarães Rosa.
O documentário tem direção do ator Caco Ciocler, que participará do bate-papo de abertura, ao vivo, com análise do filme e do livro “Zeide: a Travessia de um Judeu entre Nações e Gerações“.
Também participam da conversação Vilma Santos e José Eduardo Ferreira Santos, fundadores do Acervo da Laje – espaço cultural do subúrbio de Salvador (BA) –; e Ricardo Brazileiro, pesquisador de tecnologias e que atua no Centro Cultural Coco de Umbigada.
A mediação é de Tatiana Prado, gerente de Memória e Pesquisa do Itaú Cultural.
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De acordo com os organizadores, entre os eixos a serem debatidos, será abordada “a relação dos saberes tradicionais com a tecnologia – no sentido de questionar como guardamos os arquivos, como comunicamos dados, com qual infraestrutura e com quais softwares”.
Memória na tela
Disponível para ser assistido pelo público de 21 a 23 e de setembro (segunda-feira a quarta-feira), o filme “Esse Viver Ninguém me Tira” marca a estreia de Ciocler na direção. A produção reúne entrevistas com Eduardo Tess, filho de Aracy com Johannes Edward Ludwig Tess, o político Plínio de Arruda Sampaio (1930-2014), amigo de Eduardo, e a jornalista Eliane Brum.
Nascida no Paraná e criada em São Paulo, Aracy Moebius foi morar na Alemanha em 1934, quando separou-se do seu primeiro marido, aos 26 anos.
No país, trabalhou no setor de passaportes do consulado brasileiro em Hamburgo, onde, contradizendo as indicações do Itamaraty para impedir a ida de judeus ao Brasil, concedeu vistos a dezenas deles, livrando-os da perseguição do nazismo instaurado por Adolf Hitler entre 1934 e 1945. Por isso, ela passou a ser chamada de O Anjo de Hamburgo.
Foi em 1938 que Aracy conheceu Guimarães Rosa, o recém-chegado cônsul-adjunto. Casaram-se em 1942, no México, e ficaram juntos até a morte do escritor, em 1967.