A munição de fuzil, calibre 556, só foi entregue uma semana após a perícia no local do crime
Agentes da Polícia Civil investigados pelo assassinato de João Pedro Mattos Pinto, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, teriam levado a munição de fuzil, calibre 556, da cena do crime. Foram disparados mais de 70 tiros dentro casa onde o garoto João Pedro morava no dia do crime, 18 de maio.
Na ocasião do assassinato de João Pedro, os policiais civis omitiram que estavam com estojos de calibre 556 à Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, onde o crime foi registrado.
Ao contrário, como registra O Globo, em seus depoimentos os policiais só apresentaram três estojos, calibre 9 mm, que alegaram terem sido apreendidos junto a uma pistola supostamente abandonada no local por traficantes, com os quais teriam trocaram tiros.
Os estojos de cartuchos do fuzil da marca CBC – a mesma usada pela Polícia Civil – foram recolhidos antes de a perícia chegar ao local. A munição não entregue havia sido deflagrada pelas armas dos policiais.
Cena do crime alterada
A perícia feita na casa no dia do crime só encontrou, além dos estojos de calibre 9 mm, outros quatro, de calibre 762, que estavam próximo ao portão da garagem do imóvel. Naquele dia, o perito que foi ao local não encontrou nenhum projétil de calibre 556.
Os estojos de fuzil só foram entregues pelos agentes uma semana após o assassinato, no dia 25 de maio, quando os três policiais voltaram à delegacia e mudaram seus depoimentos.
Na ocasião, o jornal Extra revelou com exclusividade, que o inspetor José Mauro Gonçalves foi o agente que mais fez disparos dentro da casa. De acordo com o jornal, ele usava um fuzil M16 calibre 556 quando entrou no imóvel. A arma sequer havia sido apreendida e só foi entregue à perícia em 25 de maio.
No dia do crime, em seu primeiro depoimento, Gonçalves disse que só fez disparos com um fuzil calibre 762 na casa. Porém, na autópsia, peritos encontraram um projétil de calibre 556 no corpo do adolescente. O policial afirmou que cometeu um “erro” no primeiro depoimento.
“todos os fatos estão sendo analisados, bem como depoimentos e laudos periciais, e embasarão o relatório de conclusão que será enviado ao MP estadual”, respondeu a Polícia Civil ao se questionada pelas alterações na cena do crime.