
Julho das Pretas. O sábado (25) será um dia especial no protagonismo de milhões de mulheres negras: Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Contudo, o contexto pandêmico tem realçado as já conhecidas desigualdades que afetam o segmento, linha de frente nas ações de combate ao novo coronavírus.
É o que relata ao O Hoje, as ativistas negras Sandra Martins e Lúcia Kowal, atuantes na Região Noroeste de Goiânia. De acordo com elas, a situação não abre espaços para comemorações.
“Pela situação atual do índice de contaminação tão alto na periferia tínhamos que ter drive-thru de testagem em massa nessas regiões porque estamos perdendo pessoas muito importantes”, afirma Lúcia que é presidente da Associação Comunitária Raízes da Noroeste.
Ambas fazem parte da rede de ONGs atuantes na associação. Nessas organizações, elas promovem assistência social em forma de cultura, esporte, meio ambiente e, nas palavras de Sandra, “tudo que o Estado deixou de fazer na Região Noroeste”.
Sandra é presidente do Coletivo de Mulheres Negras Samba Crioula, e desde o início da pandemia se uniu a Lúcia em busca de parcerias para levar auxílio às famílias impactadas pela crise sanitária.
Juntas, elas cadastraram cerca de 560 famílias para receberem cestas básicas, mas as doações arrecadadas só atendem as 120 mais vulneráveis.
Números
Dados confirmam que no Brasil pessoas negras e pobres são mais afetadas pela doença causada pelo novo coronavírus, a Covid-19. E os números disparam na periferia de Goiânia. No período entre os dias 14 e 21 de julho, os casos confirmados pela doença cresceram 8,1% na capital.
De acordo com dados da plataforma Covid-19 da Universidade Federal de Goiás (UFG), 9 dos 15 bairros que tiveram o aumento da doença maior do que a Capital estão na periferia.
Para essas mulheres negras, o contexto histórico e político brasileiro de retrocesso na luta social dificulta iniciativas pela superação de desigualdades.
Vaquinha
Com problemas financeiros e sem o apoio do poder público, elas encontraram nas vaquinhas virtuais uma alternativa para pôr em prática algumas ações, mas o recurso arrecadado ainda não é insuficiente.
“Fizemos um folder e começamos a mandar nas redes sociais e na primeira semana conseguimos R$ 2,8 mil reais”, explixa Sandra.
Mulheres negra em luta
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é celebrado desde 1992. Naquele ano foi realizado o primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas em Santo Domingo, capital da República Dominicana.
A data é um marco na trajetória de resistência e luta internacional da mulher negra no continente. Nessa mesma data, no Brasil é celebrada a figura de Tereza de Benguela, líder quilombola de Quariterê no século 18, no estado de Mato Grosso. Tereza foi rainha coroada pela comunidade de negros e indígenas.
Confira aqui íntegra dos relatos de Lúcia e Sandra ao O Hoje.
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