
Julho foi o mês com mais mortes no Brasil desde o início da pandemia. Foram 32.912 óbitos confirmados por covid-19, segundo dados apurados junto às secretarias de Saúde pelo consórcio formado pelos veículos de imprensa.
O dado foi calculado subtraindo as mortes totais no dia 30 de junho (59.656) do total de mortes até 31 de julho, que era de 92.568 até as 20h. Os números dos meses anteriores foram identificados da mesma maneira.
De acordo com o levantamento, desde que o primeiro caso de Covid-19 foi registrado no Brasil, em 26 de fevereiro, a quantidade de mortes por mês segue crescendo no país. Julho também foi o segundo mês seguido em que mais de 30 mil pessoas morreram em solo brasileiro devido à infecção pelo novo coronavírus.
“Fracasso”
Para o epidemiologista Pedro Hallal, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a tendência de aumento nas mortes mostra o fracasso do Brasil em combater a pandemia.
“Não precisava ser assim. Não tem nenhum motivo para um país onde a pandemia chegou em março o quinto mês da pandemia ser o mês com mais mortes. Isso é completamente descabido. Só mostra o total fracasso do Brasil no combate à pandemia”, afirma Hallal.
O epidemiologista, que comanda a Epicovid, considerado o maior estudo brasileiro sobre prevalência do coronavírus, afirma que o país falhou nas principais medidas que poderiam conter a transmissão da doença: a testagem massiva, a busca ativa dos casos e o distanciamento social.
As medidas para restringir o contato social, implantadas em março em várias partes do país, sinalizaram um bom início para o Brasil até abril, avalia Hallal, mas, desde maio, vêm sendo relaxadas.
“Se o Brasil continuar não fazendo o distanciamento social nas cidades onde os números ainda estão estabilizados ou crescendo, agosto vai ‘ganhar’ de julho e vai ser, de novo, o mês com mais mortes”, prevê o especialista.
“A única forma de prevenir que agosto ultrapasse julho é se, nos lugares onde os números estão estáveis ou subindo, fazer lockdowns rigorosos, que nunca foram feitos no Brasil”, afirma o epidemiologista. “Mas, se as pessoas ficarem saindo na rua como se fosse vida normal, enquanto o número diário de casos ainda é alto, o que vai acontecer é que essas pessoas vão transmitir para outras, é óbvio”, diz.
Covid-19 nos EUA
País com mais mortes por Covid-19 no mundo, os Estados Unidos vêm registrando uma queda no número de óbitos por mês desde abril, tendência oposta à do Brasil. Em julho, foram 23.851 mortes reportadas à Organização Mundial de Saúde (OMS). O número bateu recorde em abril, quando mais de 50 mil pessoas morreram em solo americano por causa da doença.
Os números estadunidenses também foram calculados usando a quantidade total de mortes no último dia de cada mês menos a quantidade total no último dia do mês anterior, conforme boletins da OMS.
“É o normal, é o que seria observado em todos os lugares do mundo. Neste momento, a Suécia, a Alemanha, a Inglaterra – todos os lugares estão decrescendo muito o número de óbitos. Esse resultado do Brasil é inédito”, compara Pedro Hallal, da UFPel.
Apesar da redução no número de mortes nos EUA, ao longo do mês de julho, houve crescimento das infecções nos estados norte-americanos do Arizona, Califórnia, Flórida e Texas, o que obrigou governos a repensarem a reabertura da economia.
Contágio entre jovens
Ao mesmo tempo, na Europa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para o aumento de contágios entre os jovens. Segundo o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom picos de transmissão registrados em vários países europeus recentemente foram provocados, em parte, por jovens que baixaram a guarda no verão do Hemisfério Norte.
Na sexta-feira (31), o México se tornou o terceiro país com mais mortes pela Covid-19 no mundo, ultrapassando o Reino Unido e ficando atrás de Brasil e EUA.
Em quinto lugar na lista está a Índia, seguida de Itália, França, Espanha, Peru e Irã, os dez países com mais óbitos na pandemia sendo monitoramento da Universidade Johns Hopkins.
Segundo dados da Universidade, o total de casos no mundo se aproxima de 18 milhões, com mais de 681 mil mortes.
Com informações do G1