Uma semana depois de ser eleito presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) já se mostra um bom discípulo do seu “capitão” Jair Bolsonaro: na segunda-feira (8), ele ordenou a remoção de jornalistas de sua área de trabalho. O local, chamado de Comitê de Imprensa da Câmara, será o novo gabinete do presidente.
Com a mudança, Lira não será mais obrigado a atravessar o chamado Salão Verde para entrar em Plenário, o que dificultará o acesso da imprensa a ele antes de uma sessão. Não há definição sobre onde ficarão os profissionais que fazem a cobertura do Legislativo, mas, a princípio, estes irão para o subsolo da Casa.
A mudança é uma alteração no projeto original do arquiteto Oscar Niemeyer. Ao Globo, o diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, confirmou o início das obras.
“Há uma decisão para fazer a mudança. Num prazo curto, ainda este mês. E me foi informado pelo Lira”, disse Sampaio.
Essa não é a primeira tentativa de dificultar o acesso da imprensa na Câmara. Antes de Lira, em 2015, a gestão de Eduardo Cunha (MDB-RJ) quis dar prosseguimento ao mesmo projeto de Lira, enquanto enfrentava processo no Conselho de Ética.
A imprensa no governo Bolsonaro
Desde a vitória de Bolsonaro em 2018, a imprensa vem sofrendo com repressão e ataques constantes. Segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), 2020 foi o ano mais violento para os profissionais e o principal agressor é o chefe do Executivo.
Dos 428 casos, 152 (35,51%) foram de discursos que buscavam desqualificar a informação jornalística. Sozinho, Bolsonaro foi responsável por 145 dos casos de descredibilização da imprensa, por meio de ataques a veículos de comunicação e a profissionais.
Com informações do jornal O Globo