O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou durante entrevista à Rádio Educadora de Piracicaba, nesta quarta-feira (29), que se vencer as eleições presidenciais deste ano vai promover um “revogaço” nos sigilos de cem anos que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) promoveu em várias denúncias contra ele, seus filhos e amigos.
“O Bolsonaro diz que não tem corrupção, mas decreta sigilo de cem anos pra qualquer denúncia contra ele”, disse Lula. “Decreta sigilo de cem anos pro filho, pros amigos, pro Pazzuello, ou seja, nada dele é investigado”, prosseguiu.
“Essa é uma coisa que eu vou dizer pra vocês, nós vamos ter que fazer um decreto fazendo um ‘revogaço’ desse sigilo que o Bolsonaro está criando pra defender os seus amigos”, encerrou.
Veja a entrevista completa abaixo:
Sigilos e escândalos
“Em 100 anos saberá”, disse o presidente Jair Bolsonaro (PL) em resposta a um usuário no Twitter que questionou as decisões de manter informações em segredo. Aparentemente, a réplica se tornou “lei marcial” e o governo bolsonarista segue escondendo documentos e dados por um século da população e órgãos fiscalizadores.
Na ação mais recente, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) impôs sigilo de 100 anos aos processos administrativos aplicados para os agentes que se envolveram na abordagem que resultou na morte por asfixia de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em Umbaúba (SE). A PRF negou acesso à informação à equipe do portal Metrópoles.
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Confissão de culpa
O presidente Nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que “esse decreto presidencial equivale a uma declaração de culpa pelo presidente Jair Bolsonaro”, argumentou.
Ao decretar sigilo de 100 anos nos encontros que teve com os pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura, acusados de cobrarem propina a prefeitos para a liberação de verbas do Ministério da Educação (MEC), Bolsonaro age mais uma vez para dificultar as investigações contra escândalos de corrupção no seu governo.
Além disso, o presidente evita que os brasileiros tenham conhecimento do grau de envolvimento dele com os lobistas. O ex-ministro Milton Ribeiro, que deixou o cargo após o escândalo, dise que os pedidos do pastor eram prioridades por conta de Bolsonaro.
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