Com Plinio Teodoro
O desastre do governo Bolsonaro parece não ter fim. Às portas de um apagão, com o planeta sentido o impacto da emergência climática, o Brasil em uma estiagem histórica e o preço da energia no vermelho mais um escândalo de corrupção eclode. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) investiga a suposta formação de cartel por empresas termelétricas para ditar valores cobrados pela energia em meio à alta de preços no país.
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Com a crise nos reservatórios das usinas hidrelétricas, as termelétricas têm suprido o fornecimento para evitar um apagão. Segundo reportagem de Guilherme Pimenta, no portal Jota, o Cade notificou mais de 45 empresas do setor solicitando informações sobre custos, em reais por megawatt-hora (R$/MWh), da geração de energia elétrica nos últimos três anos, preço cobrado das distribuidoras e cópia dos acordos firmados com clientes (comercializadora ou distribuidora) para a venda da energia, além de outros questionamentos.
A Petrobras também foi incluída na investigação, que apura como as empresas determinam o valor cobrado. O processo foi aberto nesta quarta-feira (1º) por Felipe Roquete é um dos coordenadores-gerais da Superintendência-Geral do Cade.
Crise fabricada
O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), baseado em dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), afirma que a crise hídrica, que resultou no reajuste recorde das tarifas de energia, foi fabricada pelas empresas, que teriam esvaziado os reservatórios das usinas para aumentar os lucros.
Segundo dados da ONS, o volume de água que entrou nos reservatórios das usinas hidrelétricas brasileiras durante o último ano é o quarto melhor ano da última década, equivalente a 51.550 MW médios. No entanto, o volume de energia produzida por hidrelétricas ficou em 47.300 MW médios, ou seja, 4.250 MW médios abaixo da quantidade de água que entrou nos reservatórios no mesmo período, o equivalente a uma usina de Belo Monte.