O ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações defende liberação de recursos do fundo para combater coronavírus e preparar País para as próximas pandemias
Diversos países buscam estratégias nacionais e globais para vencer a pandemia do novo coronavírus, enquanto no Brasil 90% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico (FNDTC) permanecem contingenciados pelo governo. O dado foi informado pelo ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, durante reunião técnica da Comissão Externa de Ações Contra o Coronavírus da Câmara dos Deputados, ocorrida na quarta-feira (24).
“Temos necessidade de ter liberação maior”, disse, na comissão externa da Câmara dos Deputados que trata das ações de combate à Covid-19.
Marcos Pontes afirmou que o Brasil tem cientistas de categoria internacional e capacidade de pesquisa para vencer o coronavírus, porém são necessários mais recursos e estabilidade de orçamento. Ele concordou com o deputado Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ), presidente da comissão, sobre a ciência ser a única saída para vencer a pandemia, e disse: “não existe outra maneira, nós precisamos da ciência para vencer a causa do problema todo que é esse vírus”.
O ministro reconheceu a falta de recursos em todos os ministérios, embora, para ele, a manutenção de recursos para pasta seja “essencial para o desenvolvimento do País e pode ser solução para a crise”.
Mesmo com recursos travados, Pontes apresentou ações científicas e tecnológicas de sua pasta, em especial sobre a produção de vacinas e iniciativas que preparam o país para futuras crises sanitárias.
Anitta
A nitazoxanida (Anitta) foi apresentada por Pontes como um dos cinco remédios com potencial para combater a replicação do novo coronavírus pesquisados pelo Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, vinculado à pasta da Tecnologia. De acordo com resultados, ele informou que a nitazoxanida reduziu em 94% a carga viral em células infectadas “in vitro”. Agora 500 pacientes voluntários, com pneumonia, tosse seca e febre, receberão o fármaco para os testes clínicos. Mas ele ressaltou que há dificuldade para conseguir voluntários – por enquanto, há 230.
Hidroxicloroquina
Ao responder a deputados sobre estudos envolvendo os medicamentos ivermectina e hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19, o ministro afirmou que já foi aprovado o início dos testes clínicos com as duas substâncias, mas que ele está “focando esforços” na nitazoxanida.
Vacina
Marcos Pontes também citou o início dos testes em voluntários brasileiros da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, contra a Covid-19, que teve início no último fim de semana na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo ele, dois mil participantes vão ser vacinados inicialmente. A vacina inglesa é a que está em estágio de desenvolvimento mais avançado no mundo. Na reunião, Pontes fez questão de ressaltar que o Brasil participa de programa acelerador de vacinas, coordenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), junto com 44 países.