
O ex-ator e bolsonarista Mario Frias, secretário especial de Cultura de Jair Bolsonaro (sem partido), fez um comentário racista em uma postagem no Twitter contra o historiador, educador popular, youtuber, militante e colunista do site Socialismo Criativo, Jones Manoel.
O assessor da Presidência Tercio Arnaud Tomaz fez uma postagem com a foto do historiador com título “Jones Manoel diz que já comprou fogos para eventual morte de Bolsonaro”. “Quem caralhas é Jones Manoel?”, disse Tomaz. Mario Frias então respondeu: “Realmente eu não sei. Mas se eu soubesse diria que ele precisa de um bom banho.”
Racismo não é surpresa, responde Jones Manoel
“Não é surpresa no governo Bolsonaro a presença de figuras abertamente racistas e que flertam — ou são abertamente também— com o facismo ou nazismo. Jair Bolsonaro enquanto deputado tem um histórico de várias declarações racistas”, afirma Manoel. “O governo Bolsonaro é um governo racista […] e que acolhe sem nenhum problema essas figuras racistas. E o Mario Frias se sentiu à vontade para fazer isso.”
Manoel lembrou as inúmeras vezes que Bolsonaro debocha da população à mercê da própria sorte, especialmente, na gestão da pandemia da covid-19, que já matou mais de 537 mil pessoas no país. E que “fascismo e racismo são faces das duas moedas”.
Fascismo, racismo, bolsonarismo
Seguindo na linha racista da gestão bolsonarista, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, afirmou nas redes sociais que “se alguém disser algo do cabelo Black Power dele [Jones Manoel], o mundo vem abaixo. Mas tudo bem ele desejar a morte de Jair Bolsonaro. Entendem por que digo que a cor da pele não importa, assim como cabelo? O sujeito é preto, porém um lixo como ser humano. Não tem caráter nem decência moral!”
Camargo foi responsável por um expurgo de livros do acervo da fundação considerados esquerdistas ou imorais. Segundo ele, nenhum livro será descartado, mas doados.
Jones Manoel comentou o “racismo diário” do bolsonarismo em seu Twitter.
“Não é de estranhar que um governo inimigo do povo trabalhador e da soberania nacional seja crivado de racistas. O povo trabalhador do país é negro. Aqueles que odeiam o povo vão ser racistas. Clovis Moura ajudou muito a pensar o tema”, disse na rede social.
O ator inimigo da cultura
A gestão de Frias tem acumulado preconceito, polêmicas e iniciativas – ou a falta delas – em total falta de sintonia com o setor que ele deveria representar.
Nesta quarta-feira (15), a parlamentares do PSB, PT, PCdoB, PSOL e PDT enviaram à Procuradoria-Geral da República um pedido de investigação de perseguição político-ideológica na pasta. O motivo foi o parecer técnico da Secretaria Especial da Cultura, chefiada por Frias, com frases religiosas que barrou um festival de jazz de captar recursos via Lei Rouanet.
O intuito é incorporar as investigações a um inquérito já em curso no Ministério Público Federal que apura se a conduta do Ministério do Turismo e da Secretaria Especial da Cultura na avaliação de projetos que buscam incentivos via Lei Rouanet é motivada por questões político-ideológicas.
Após receber críticas pela decisão, o secretário foi ao Twitter com ameaças de processar jornalistas e até o youtuber Felipe Neto, que o chamaram de lambe-botas e otário.