
O Movimento Brasil Livre (MBL) se vê numa crescente de escândalos após uma série de comportamentos, no mínimo, bizarros por parte de seus integrantes. Os casos do movimento de direita vão de apologia ao nazismo à turismo sexual durante a guerra da Rússia contra a Ucrânia, protagonizado pelo deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), o Mamãe Falei. Além dos escândalos, pouco ou nada de concreto fizeram com os cargos que conquistaram nas urnas.
O MBL usou a notoriedade conquistada no auge do antipetismo para apoiar a eleição de Jair Bolsonaro (PL), em 2018. Agora, pretendia usar essa mesma notoriedade para apoiar o ex-bolsonarista e ex-juiz parcial Sérgio Moro (Podemos) à presidência.
Após os áudios vazados de Arthur do Val, que enviou mensagens absurdamente sexistas – entre elas, as de que as “ucranianas são fáceis porque são pobres” – em um momento em que mulheres se encontram em situação de total vulnerabilidade por conta dos conflitos, Moro parece ter aprendido.
Diferentemente do apoio que prestou ao deputado Kim Kataguiri (União-SP) após a defesa da legalização de um partido nazista no Brasil, Moro correu para tentar se desvencilhar de Arthur do Val.
Após a péssima repercussão, o ex-juiz parcial foi dizer às redes sociais que não dividiria o palanque com o deputado. Bem diferente da publicação de dois dias antes.
Quando Kataguiri defendeu no Flow Podcast que nazistas deveriam ter liberdade de propagar suas ideias, Moro disse que foi apenas “gafe verbal”. O que pegou muito mal para o ex-juiz parcial.
O próprio Moro, no entanto, já simpatizou, ao menos em algum momento, com o grupo neonazista Proud Boys.
“Essa foto representa o fato de que Moro, em algum momento, simpatizou com o Proud Boys. Ele tirou foto com o Proud Boys ao mesmo tempo que Bolsonaro tirou. O compromisso dele com Bolsonaro é o mesmo que com o Proud Boys”, disse a antropóloga Adriana Dias, pesquisadora da PUC de Campinas que há anos investiga grupos neonazistas e de extrema-direita.
MBL tenta amenizar
Mamãe Falei, agora, corre o risco de perder o mandato, deve ser expulso do partido e já teve a pré-candidatura ao governo de São Paulo retirada.
Já o MBL seguiu a mesma tática de sempre: passou pano para seus membros e tentou atacar ‘lulistas’ e ‘bolsonaristas’, esquecendo-se muito convenientemente que tem participação direta na eleição de Bolsonaro.
Embora tenha “repudiado” as falas do parlamentar, afirma que “tal fato não invalida o objetivo da viagem” e afirma ter conseguido arrecadar R$ 250 mil parar os refugiados ucranianos. O MBL, no entanto, não apresentou qualquer documento para embasar suas alegações.
As aventuras de Renan
Em um dos trechos da mensagem de Arthur do Val, ele afirma que já pegou dicas com o líder do MBL, Renan dos Santos, para se dar bem no turismo sexual.
“O Renan [Santos] faz uma viagem todo ano, que nos últimos três anos ele não fez. Chama-se ‘tour de blonde’. O que ele faz? Ele viaja os países só para pegar loiras. Só que ele tem técnicas. Ele já está avançado. E ele me deu algumas dicas”, diz o deputado em um dos trechos da gravação.
Renan, no entanto, diz que não tem nada a ver com a história. Mesmo tendo sido o companheiro de Arthur do Val no passeio à Ucrânia.
“Me colocou na história de uma maneira nada a ver. Um cara que faz ‘tour de blonde’. Não tenho a menor ideia disso aí. Acho que ele tá exagerando porque já fui para a Suécia umas 2 ou 3 vezes, coisa de 12 ou 13 anos atrás. Misturou essa coisa de leste europeu, o que é bizarro porque na Suécia todo mundo é rico”, disse em mensagem no Telegram.
Mas seguiu passando pano para o companheiro de viagem.
“Ele não fez por maldade, estava empolgado só”, repetindo justificativas machistas utilizadas amplamente para amenizar atos misóginos Brasil afora todos os dias.
O mesmo Renan, aliás, protagonizou outro episódio de misoginia. Em um vídeo de 2018, que voltou a circular no final de setembro de 2021, mostra o líder do MBL afirmando que caso ele e os amigos fossem impedidos de entrar em um bar, estuprariam a própria colega.
Como sempre, a justificativa é de que uma ‘piada’ entre amigos.
E o MBL vai somando uma série de piadas, anedotas e posicionamentos repletos de misoginia e apologia ao nazismo em nome de uma suposta ‘liberdade de expressão’.