
A falta de medicamentos se tornou um problema crônico no país. Levantamento realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), mostra que medicamentos básicos e especializados estão em falta e governo federal nem estados têm agido para solucionar o problema. O problema atinge 80% das cidades em todo o Brasil. As causas vão de questões como a guerra na Ucrânia, a pandemia da covid-19, o inverno em boa parte do país e a falta de ação do governo Jair Bolsonaro (PL) para resolver o problema.
A falta de medicamentos acontece há mais de 90 dias. Vale ressaltar que a pesquisa foi feita entre maio e junho, o que mostra que o problema dura há, ao menos, 115 dias em muitos dos 2,5 mil municípios que participaram do levantamento.
Os municípios relataram problemas no fornecimento pelo Ministério da Saúde, além de movimentos de protesto de funcionários em portos e aeroportos, além de questões envolvendo a política internacional como dificuldades de importação de insumos, devido à guerra na Ucrânia e ao lockdown na China. Em alguns estados, cirurgias eletivas e tratamentos estão sendo adiados.
De acordo com a CNM, 68% relataram falta do antibiótico amoxicilina e 66% têm ausência de dipirona, que é um anti-inflamatório, analgésico e antitérmico.
Em 48,6% dos municípios respondentes ocorre falta de medicamentos especializados, que são comprados e distribuídos pelos estados aos municípios. Dependendo das características e morbidades presentes na população, esses medicamentos podem ser comprados diretamente pelas gestões municipais.
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A entidade ressalta que a falta de medicamentos afeta os serviços públicos de saúde, onde a população “busca atendimento de questões respiratórias e do pós-covid19, onde se acolhem as populações com doenças crônicas como hipertensão e diabetes.”
“Até o momento não se percebe por parte do governo federal nem dos estados da federação, uma estratégia e resolução a curto e médio prazo que retire dos Municípios a inviável tarefa de encontrar medicamentos nas quantidades necessárias, mesmo que esses adquiram os produtos via compras emergenciais”, enfatiza a CNM.
Farmácias também se medicamentos
A falta de medicamentos, porém, não afeta apenas o serviço público de saúde. Nas farmácias também está difícil encontrar diversos medicamentos, como antibióticos e corticoides.
O governo federal já tinha sido informado do problema pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) no início do ano.
E ressalta que os mais prejudicados com o desabastecimento são os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
O que fazer se não encontrar os medicamentos
Caso não encontro o medicamento necessário, o próprio farmacêutico pode fazer a indicação de outra marca ou remédio similar genérico para substituir. Nos casos em que o médico que prescreveu indique que não pode haver substituição, ou nos casos de descontinuidade de fabricação do medicamento, é necessário procurar o médico novamente para que ele indica o medicamento mais adequado.
Em casos de não encontrar substitutos, a Anvisa também orienta a entrar em contato com a fabricante para saber se há previsão e os motivos da falta.
A própria Anvisa pode ser consultada porque, em caso de descontinuidade da fabricação de determinado medicamento, os laboratórios têm que garantir que eles estejam no mercado pelos seis meses seguintes à notificação que são obrigados a fazer à agência. Em alguns casos, o prazo pode chegar a um ano.
Quando se trata de acesso a medicamentos de algo custo ou dos que tiveram a fabricação descontinuada, é possível acionar a Justiça para garantir o acesso.
Com informações da BBC News Brasil, g1 e CNN