
O vice-presidente da Fundação João Mangabeira (FJM), Alexandre Navarro, apresentou recentemente ao ex-presidente Lula as propostas do PSB, condensadas na Autorreforma do partido, para a emergência climática que estamos vivendo com aumento da temperatura do planeta.
Durante o XV Congresso Nacional do PSB, realizado em Brasília, ele falou ao Socialismo Criativo sobre a urgência retomada de ações que foram implementadas durante os anos em que a esquerda esteve no governo, como feito de 2004 a 2012.
A proposta é repetir, melhorar o diagnóstico e ampliar as ações, entre elas a reinstituição do PPCDAm (Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia), com ações interministeriais (IBAMA, Polícia Federal, Serviço Florestal Brasileiro, Funai, Polícia Rodoviária Federal, Força Federal e Forças Armadas) para reduzir o desmate; a criação de novas unidades de conservação e reconhecimento de novas terras indígenas; criação de novos sistemas de monitoramento satelital, e associando-os ao desenvolvimento pelo DETER, do INPE, ampliando os alertas, identificação dos autores e ação repressiva imediata do estado.
Navarro lembrou a extrema violência a que as populações indígenas estão submetidas sob o manto do atual governo, como a invasão de terras ianomâmis por garimpeiros que, além da devastação da área e a contaminação de todo o ecossistema por mercúrio utilizado para extrair ouro, mulheres e crianças indígenas estupradas e mortas por garimpeiros, assim como a cooptação de jovens com armas, bebidas e drogas.
“Não há como tergiversar sobre as ações. Não podemos ser dúbios”, enfatiza Navarro.
Educação e trabalho
Uma das frentes de atuação da Fundação João Mangabeira é a educação. No ano passado, por exemplo, lançou o curso de Tecnologia em Gestão Pública.
Parceria da FJM com a Unimes, o curso faz parte do projeto da Faculdade Miguel Arraes, em fase de registro no MEC, oferecido na modalidade EAD (Ensino a Distância). Os alunos só pagam o valor de R$ 10 mensais para suprimentos e custos administrativos.
São cerca de 800 estudantes beneficiados – sendo 51% de mulheres.
Alexandre Navarro observa que o investimento em educação é a base para resolver grande parte dos problemas sociais que enfrentamos.
“A desregulamentação do trabalho, que deixa a pessoa ao deus dará como falsos empreendedores, a educação integral e o trabalho têm que ser discutidos conjuntamente. O mundo do trabalho do século 21 é outro bem diferente do século 20. Antes era tínhamos três fatores de produção: natureza, trabalho e capital. Agora nós temos natureza, trabalho, capital e tecnologia da informação”, pontua.
Leia também: Janilson Leite: pré-candidato ao governo do AC destaca prioridades
O que torna imprescindível promover a qualificação dos trabalhadores para que possam se adaptar às novas realidades. E destaca que o governo socialista de Pernambuco investe maciçamente na educação integral.
“Pernambuco tem mais escolas de ensino integral do que São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro juntos. Em Pernambuco nosso governo dá esse exemplo, notadamente, em áreas conflagradas onde há problemas com drogas e violência”, salienta.
Dinheiro para ampliar essa e outras estratégias não falta. Navarro lembra que “temos 315 pessoas no Brasil com R$ 1,9 trilhão no país”.
“Quanto são tributadas? Essas 315 pessoas pagam em média 6,7% de imposto. Isso não dá”, afirma ao se referir à taxação de grandes fortunas, ponto defendido pelos socialistas na Autorreforma.
XV Congresso Nacional do PSB
Socialistas de todo o país se reuniram, em Brasília, para realizar o XV Congresso Nacional do PSB. Um grande evento onde foi aprovada a Autorreforma do partido, o novo Manifesto, que substitui o documento de 1947, e os nomes para compor a Executiva e o Diretório nacionais do partido.
Foram três dias de muito debate e decisões sobre o socialismo criativo defendido pelos socialistas para a construção de um plano nacional de desenvolvimento para o país, que preze pelo fim das desigualdades e pela defesa incansável da democracia.