A investigação do caso das “rachadinhas” no antigo gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), pode ganhar sobrevida mesmo após o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) ter anulado a decisão que quebrou os sigilos bancário e fiscal de Flávio, Fabrício Queiroz e outros investigados.
Leia também: Irritado, Bolsonaro encerra entrevista ao ser questionado sobre caso Flávio
A decisão do STJ contaminou também outras provas que não podem ser refeitas, como a apreensão de celulares e de documentos nas casas dos investigados. Em relação ao relatório do Coaf, a defesa do senador afirma que ele contém um detalhamento semelhante ao de uma quebra de sigilo bancário, mas sem autorização judicial. Se esse relatório for anulado, a decisão derrubaria todas as provas decorrentes dele.
Neste cenário, a única prova preservada do caso são as mensagens entre Queiroz e Danielle Mendonça da Costa, segundo reportagem da Folha de S. Paulo. Danielle é ex-mulher do capitão Adriano, miliciano morto numa operação policial na Bahia, quando estava foragido, e foi assessora de Flávio entre setembro de 2007 a novembro de 2018. As mensagens foram obtidas na Operação Intocáveis, que investigava a atuação da milícia em Rio das Pedras, comandada por Adriano. O celular de Danielle foi apreendido na ocasião.
O Ministério Público do Rio avalia que essas mensagens indicam que ela era uma “funcionária fantasma” com participação na “rachadinha”. Além disso, mostraria que Queiroz informava sobre os desvios “a outros integrantes da organização criminosa”.
Após sua exoneração do cargo, em novembro de 2018, Danielle conversou com o próprio Adriano e durante a conversa, o miliciano afirmou que também contava com o dinheiro que ela recebia no gabinete, indicando a sua participação no esquema. No mesmo dia, Queiroz pediu para que Danielle tivesse cuidado ao falar no celular.
Em janeiro de 2019, Queiroz questionou se Danielle foi chamada para depor no MP-RJ. O PM aposentado deletou as mensagens, mas pelas respostas da ex-assessora os investigadores inferem que ela foi orientada a não prestar esclarecimento às autoridades.
Transições imobiliárias
As transações imobiliárias de Flávio também poderiam ser usadas para apuração de suposta lavagem de dinheiro.
A compra e venda de dois imóveis em Copacabana têm indícios do crime, segundo critérios do próprio Coaf: foram adquiridos com valor abaixo do pago em transação anterior e vendido por um preço muito maior num curto período de tempo (dois anos). Além disso, parte do valor foi pago em dinheiro vivo.
Com informações da Folha de S. Paulo