Anielle Franco reclamou em suas contas no Twitter e Facebook com a fala do presidente Jair Bolsonaro ao citar sua irmã, Marielle Franco, durante pronunciamento ocorrido nessa sexta-feira (24): “Minha irmã não é palco pra você”, diz trecho da postagem.
Na ocasião, Bolsonaro comparou o Caso Marielle à facada que ele recebeu em 2018, queixando-se pelo fato da Polícia Federal não ter dado atenção ao atentado que ele sofreu. No pronunciamento, ele insinuou que sua vida estaria acima da vida da vereadora morta com 4 tiros na cabeça.
“A Polícia Federal estava mais preocupada com Marielle do que com o seu chefe maior”, disse Bolsonaro, que ainda perguntou: “Será que é interferir na Polícia Federal quase que exigir, implorar a Sergio Moro, quem mandou matar Jair Bolsonaro? A PF de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe”.
Pelo Twitter, Anielle advertiu: “Minha irmã não é palco pra você ficar jogando a sua cortina de fumaça. Assuma sua incompetência e falta de ética. Não se compare a ela! Marielle tinha e tem o que o senhor não tem: caráter e valores! Nos poupe!”.
Minha irmã não é palco pra você ficar jogando a sua cortina de fumaça. Assuma sua incompetência e falta de ética. Não se compare a ela! Marielle tinha e tem o que o senhor não tem: caráter e valores! Nos poupe! #QuemMandouMatarMarielle #marielle #mariellepresente
— Anielle Franco (@anielle_franco) April 24, 2020
Vale lembrar que o Caso Marielle Franco não foi federalizado e está sob a incumbência de autoridades estaduais do Rio de Janeiro: Polícia Civil, Ministério Público estadual, Tribunal de Justiça. Marielle foi assassinada junto com seu motorista, Anderson Gomes, em uma emboscada no centro do Rio, no dia 14 de março de 2018.
Discurso confuso
Rodeado de ministros, desrespeitando o distanciamento social e sem máscara, Jair Bolsonaro fez um pronunciamento longo – e com frases desconexas, em desagravo a Sérgio Moro, que pediu demissão do cargo de ministro da Justiça na manhã de sexta-feira (24), às 11h.
Moro alegou, para a saída, tentativas de interferências políticas de Bolsonaro nas ações da Polícia Federal.
Indignação nas redes
Além de Anielle, Guilherme Boulos, candidato à presidência em 2018 pelo Psol, manifestou estranheza com a citação do presidente:
“Moro não citou o assassinato de Marielle e o caso do porteiro de manhã. A insistência de Bolsonaro revela que aí tem”, postou.
Moro não citou o assassinato de Marielle e o caso do porteiro de manhã. A insistência de Bolsonaro revela que aí tem… Está se defendendo do que pode vir à tona. É hora de perguntar mais do que nunca: QUEM MANDOU MATAR MARIELLE?
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) April 24, 2020
Da mesma forma, Jean Wyllys nomeou de “governo de milicianos” a gestão Bolsonaro, a quem chamou de ressentido, classificando de incompetentes e oportunistas tanto Moro quanto o presidente.
Marielle Franco segue sendo um poderoso espectro a assombrar esse governo de milicianos, incompententes e oportunistas. A prova é o escroque citá-la nesse freak show de ressentimento pela saída do amigo oportunista Moro do governo em decadência.
— Jean Wyllys (@jeanwyllys_real) April 24, 2020
A indignação de Anielle Franco também ganhou repercussão nos veículos de imprensa: “É surreal”, disse ao Yahoo Notícias.
Com informações do Mundo Negro e G1.