Além de Minneapolis, diversas cidades nos EUA registraram protestos pela morte de George Floyd
A morte de George Floyd durante uma violenta abordagem policial na cidade de Minneapolis, na última segunda-feira (25), desencadeou uma onda de protestos que levou Minnesota a declarar estado de emergência. A cidade estadunidense foi sacudida pela indignação popular com o assassinato de Floyd.
Na quinta-feira (28), a enérgica reação popular à inexpressiva resposta do Estado ao assassinato de um afro-americano por um policial branco, levou o Departamento de Justiça dos Estados Unidos a decretar que a investigação seja tratada como prioridade máxima.
O governador do Estado, Tim Walz, já havia acionado a Guarda Nacional, na mesma quinta-feira, depois que as ruas de Minneapolis amanheceram em chamas dos incêndios causados por manifestantes.
George Floyd teve o pescoço pressionado pelo joelho do policial Derek Chauvin durante vários minutos, até ficar inconsciente e morrer asfixiado, em plena luz do dia.
Até o momento sabe-se que uma mulher não identificada gravou o ato violento e divulgou o vídeo em que é possível ver como Floyd, preso por suspeita de fraude, chora, geme de dor e suplica:
“Tudo me dói… Água ou algo, por favor. Por favor, por favor. Não consigo respirar, agente, não consigo respirar”, suplicou Floyd antes de morrer.
As imagens da cidade iluminada por incêndios que tomaram prédios, carros, alastrando pelas ruas, correram o mundo. A polícia usou balas de borracha e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes e na madrugada de sexta-feira (29) prendeu uma equipe da CNN que fazia uma transmissão ao vivo no local.
“Não quero que os protestos sejam apenas por espetáculo”, disse Tara Brown, prima de Floyd, no programa This Morning, da rede CBS. “Isso foi claramente um assassinato. Queremos ver [os policiais] presos, acusados, condenados”, acrescentou.
Incidente histórico
Derek Chauvin, o policial branco que assassinou Floyd e três outros policiais foram demitidos. A polícia da cidade usou cerca de 70 policiais para proteger a casa de Chauvin de manifestantes.
O prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, pediu que Chauvin fosse acusado: “Por que o homem que matou George Floyd não está na prisão?”, perguntou em uma entrevista coletiva.
E seguindo o padrão dos relatórios oficiais para casos como esse, a polícia informou na terça-feira que Floyd, um segurança de 46 anos, morreu devido a um “incidente médico”.
No entanto, um novo relatório do Corpo de Bombeiros diz que os paramédicos da ambulância que o transportaram verificaram seu pulso “várias vezes” e “não encontraram nenhum”. Foi declarado morto no hospital.
O racismo não tem fronteiras
O racismo não tem fronteiras e, embora guarde particularidades em relação à história de formação de cada país, ele continua tendo o corpo preto como seu alvo prioritário.
Um levantamento feito pelo jornal Washington Post revela que 1014 pessoas foram mortas a tiros por policiais no país em 2019. Entre esses, estudos apontam afro-americanos como as principais vítimas.
Outro estudo, da ONG Mapping Police Violence, aponta que nos EUA, similarmente ao Brasil, negros têm quase três vezes mais chances de serem mortos pela polícia do que brancos.
Vidas negras importam
A brutalidade policial inspirou reações como a do movimento #BlackLivesMatter (Vidas negras Importam), surgido em 2013. Celebridades como a cantora Beyonce e a estrela do basquete Lebron James endossaram publicamente as campanhas.
No Brasil de Bianca Regina, João Pedro, João Victor, Rodrigo, Agatha o movimento em defesa de vidas negras luta diariamente contra o extermínio de milhares, enquanto ainda vigora o racismo.
Um dos filhos de Martin Luther King Jr., o advogado Martin Luther King III, se pronunciou sobre o triste fato em seu Twitter. Ele lembrou de uma das frases do pai, uma das maiores lideranças sociais em defesa dos direitos civis para a população afro-americana e contra o racismo.
Ele disse: Como meu pai explicou durante sua vida, o protesto é a linguagem dos silenciados.
As my father explained during his lifetime, a riot is the language of the unheard.
— Martin Luther King III (@OfficialMLK3) May 28, 2020
Com informações do El País.