O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta sexta-feira (3) abrir um novo inquérito contra Jair Bolsonaro. O presidente será investigado por conta da fala que fez dizendo que vacinados contra a Covid-19 estariam desenvolvendo Aids – mais uma fake news do chefe do Executivo.
O fato de Moraes abrir inquérito mostra uma discordância com a procuradoria-geral da República (PGR), que anunciou apenas uma “apuração preliminar” com relação à fala de Bolsonaro. A abertura da investigação, por parte do STF, atende a uma notícia-crime protocolada por membros da CPI do Genocídio.
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Em seu despacho, o ministro afirmou que não cabe à PGR fazer apuração preliminar sobre o fato, pois a declaração de Bolsonaro pode ter relação com o esquema de fake news montado por integrantes do governo e aliados, já apurado no inquérito das fake news na Corte.
“Não há dúvidas de que as condutas noticiadas do presidente da República, no sentido de propagação de notícias fraudulentas acerca da vacinação contra o Covid-19 utilizam-se do modus operandi de esquemas de divulgação em massa nas redes sociais, revelando-se imprescindível a adoção de medidas que elucidem os fatos investigados, especialmente diante da existência de uma organização criminosa – identificada no Inquérito 4.781/DF (que justificou a distribuição por prevenção desta Pet) e no Inquérito 4.874/DF”, escreveu Moraes.
Em outubro, Jair Bolsonaro usou as suas redes para espalhar uma fake news sobre as vacinas contra a Covid-19 produzida por um grupo negacionista do Reino Unido.
A “tese” em questão afirma que “as pessoas totalmente imunizadas estão desenvolvendo Aids”.
“Outra coisa grave aqui, só vou dar a notícia, não vou comentar, já falei sobre isso no passado e apanhei muito. Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados, quem são os totalmente vacinados? Aqueles que depois da segunda dose, 15 dias depois após a primeira dose… estão desenvolvendo a Síndrome de Imunodeficiência muito mais rápido que o previsto”, disse Bolsonaro durante live.
Trata-se, na verdade, de uma fake news plantada pelo site negacionista Beforeitnews, que publica textos dizendo, entre outras coisas, que as vacinas contra a Covid rastreiam as pessoas.
Foi desse site que o presidente Bolsonaro pegou a “notícia” de que a imunização completa contra a Covid desenvolve Aids nas pessoas.
A Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido declarou que “as vacinas contra a Covid-19 não causam Aids. A Aids é causada pelo HIV”.
Por Ivan Longo, da Revista Fórum