No depoimento de mais de oito horas prestado no último sábado, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro citou ministros da ala militar do governo federal como testemunhas
O ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, foi ouvido no último sábado (2) por delegados e procuradores após o ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, autorizar a abertura do inquérito para apurar as acusações proferidas pelo mesmo durante sua demissão.
Segundo O Globo, Moro apresentou pelo menos sete provas para corroborar as acusações de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir indevidamente na PF. Dentre elas, Moro citou os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) como testemunhas das pressões de Bolsonaro sobre a PF.
Investigadores apontam que os depoimentos dos ministros precisarão ser colhidos para que a investigação verifique a veracidade dos fatos, o que os colocará em posição desconfortável por fazerem parte da ala militar que reforça apoio ao presidente.
Mensagens comprometedoras
Em investigações preliminares a Polícia Federal constatou que há no celular do ex-ministro, mensagens enviadas por Bolsonaro na qual ele manifestaria vontade de trocar o comando da Superintendência da PF em Pernambuco, mais uma mensagem indicando preocupação do presidente com inquéritos em curso no STF e outra conversa na qual Bolsonaro verbalizou sua intenção de demitir Valeixo.
Outra prova revelada pelo jornal é a existência de um registro, gravado em vídeo, de reunião do conselho de ministros do governo federal no último dia 22 de abril na qual o presidente expressou sua intenção de trocar o superintendente da PF no Rio de Janeiro e ameaçou demitir Moro caso ele não concordasse com a substituição.
Acesso à relatórios
Por fim, o ex-ministro disse que há relatórios dentro da Polícia Federal e da Abin que comprovam o envio de relatórios de inteligência a Bolsonaro para a tomada de decisões estratégicas, o que desmentiria as declarações do presidente de que não tinha acesso a esse tipo de informação.