A repercussão do ataque racista sofrido por Matheus Pires mudou a vida do motoboy
Na próxima segunda-feira (17), o agora ex-entregador Matheus Pires Barbosa, vítima de ataques racistas, passa a bater ponto em agência de publicidade e conta com mentorias para definir investimentos. A agência Avellar, especializada em estratégias digitais, tem Ambev, Tinder, MRV e XP Investimentos no portfólio de clientes.
“Podem olhar a contratação como movimento de ajuda, assistencial, mas está longe disso”, afirma fundador da agência. “Contratei a garra dele, um cara que não tem medo de trabalhar duro e alguém com paixão por algo que a minha empresa faz. O resto a gente ensina pra ele.”
Antes, o jovem ganhava um salário mínimo por mês como aprendiz em uma empresa, onde batia ponto das 15h às 22h. Para complementar a renda, Matheus fazia bico de entregador na hora do almoço e à noite.
No entanto, a repercussão das cenas de preconceito na internet geraram muitas mudanças na vida de Matheus. Entre elas, a vaga como editor de vídeo com salário que varia de R$ 3.000 a R$ 12 mil.
“Aprendi a editar na raça, comprei um computador e baixei um programa pirata. Consegui montar um negócio, mas só durou seis meses”, relata o ex-entregador de aplicativo.
Desde o episódio em 31 de julho, o jovem que tinha 393 amigos no Instagram passou a ter 2 milhões de seguidores, angariou R$ 205 mil em uma vaquinha virtual e ganhou duas motos, em substituição à antiga, que estava no conserto.
Ataque racista
Os ataques partiram de um morador de um condomínio em Valinhos (SP). Mateus Abreu Almeida Prado Couto chama o entregador de lixo, analfabeto e invejoso, apontando para a cor da própria pele, branca. Após o caso ser registrado como injúria racial, o pai do agressor apresentou um atestado de que o filho sofre de esquizofrenia.
“Não era meu objetivo fazer daquilo algo público. Vi o pessoal gravando a cena e só fui atrás para ter como prova na Justiça. Abri um processo por injúria e danos morais”, comenta Matheus.
Ansioso pela nova rotina, Matheus quer fugir da superexposição. “Tem muito convite para live e entrevista, mas eu quero mesmo é começar a trabalhar.”
Com informações da Folha de S. Paulo e DL News