
O Ministério Público Federal (MPF) do Distrito Federal não decidiu se vai processar o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, por ataques feitos ao congolês Moïse Kabagambe, que foi espancado até a morte em um quiosque no Rio de Janeiro.
A Procuradoria Federal do Direitos do Cidadão apresentou o pedido de investigação após Camargo afirmar sem provas que Moïse “andava e negociava com pessoas que não prestam” e desferir xingamentos contra o jovem brutalmente assassinado.
Até deputados bolsonaristas consideram cruel as falas de Camargo. Na cúpula da PGR a declaração foi duramente criticada, de acordo com o jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles.
O procurador federal Carlos Vilhena, que assina o pedido de investigação, pediu que o MPF do DF responsabilizasse Camargo civil, criminal e administrativamente.
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“Causa espécie o fato de que, antes mesmo de qualquer conclusão dos órgãos responsáveis a respeito da motivação que levou ao crime em questão, uma autoridade pública nacional afirme categoricamente, sem qualquer embasamento, que o racismo não teve qualquer relação com o fato”, escreveu Vilhena, emendando: “Agrava o desconforto o fato de a autoridade ofender a honra.
Além de afirmar que “o brutal assassinato nada teve a ver com racismo! Moïse foi vítima da selvageria de pretos como ele”, o procurador que afirma que o presidente da Palmares facilitou a divulgação das ofensas, com seus posts para seus mais de 30 mil seguidores no Twitter.
Vilhena também afirmou que a polícia fluminense disse a veículos de imprensa que o racismo estrutural está relacionado ao tema em questão —se não ao crime em si, ao menos à situação de vulnerabilidade da vítima.
Com informações da Folha