
Desde o início da pandemia, em março de 2020, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) doou mais de 6 mil toneladas de alimentos. O movimento também distribuiu 1,150 milhão marmitas para pessoas passando fome e em situação de insegurança alimentar em todo o país. Somente durante a campanha Natal Sem Fome foram mais de mil toneladas.
O balanço foi feito depois da campanha, realizada de dezembro de 2021 a janeiro deste ano, pelo MST. Foram cerca de 250 mil pessoas beneficiadas com os alimentos, que também contou com ceias especiais de Natal em 24 estados do país.
A maior parte das cestas distribuídas eram compostas por produtos vindos de acampamentos e assentamentos do MST.
Mais de 30 mil marmitas e ceias especiais natalinas também contribuíram no combate à fome de indígenas e comunidades periféricas urbanas e rurais.
“As campanhas de solidariedade oferecem um alento emergencial à classe trabalhadora em meio à situação de crise, acentuada pelo desgoverno e pandemia”
MST
Atuação em rede
De acordo com o movimento, as ações solidárias também contaram com apoio do público doador, com uma rede de amigas e amigos, organizações parceiras e milhares de voluntárias e voluntários “que se engajaram na causa de acordo com as emergências do povo, sensibilizados com o fato de que 5 em cada 10 lares brasileiros não tem comida garantida na mesa, apesar de vivermos em um país considerado uma das maiores potências agrícolas do mundo.”
“Em um país onde a política agrícola é dominada pelo agronegócio, que bate recordes de exportação e de lucro, enquanto cerca de 20 milhões de pessoas vão dormir e acordam com fome, e mais de metade da população sofre com algum grau de insegurança alimentar, é a demonstração de que essa política econômica é inviável!”, afirma Jailma Lopes, da direção nacional do Coletivo de Juventude do MST.
A dirigente lembra a existência de “cerca de 20 milhões de pessoas que vão dormir e acordam com fome, e mais de metade da população que sofre com algum grau de insegurança alimentar” demonstra que a atual política econômica do país “é inviável”.
“O aumento da fome e das desigualdades sociais só poderão ser combatidas com políticas públicas”, declara.
A organização disse que esse resultado “só foi possível de ser alcançado por meio da organização popular” desenvolvida em 37 anos de existência.
Acrescentou ainda que os alimentos são produzidos por agricultores em “quintais produtivos, hortas e roçados solidários” e distribuídos por meio de “associações e cooperativas da Reforma Agrária Popular”, “de pontos de apoio da Rede de Armazéns do Campo e Cozinhas Solidárias”.
Alimentos para o corpo e para a alma
Além de alimentos e produtos da Reforma Agrária, o MST também distribuiu cerca de 17 mil livros em comunidades dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
As publicações foram arrecadações doadas pela editora Expressão Popular, que contém edições próprias, como também livros publicados por editoras associadas, como a Editora 34, Editora Elefante, Nuestra America. Ao todo foram 70 títulos diversos fomentando uma Rede de Bibliotecas Populares.
“Só é possível combater a pobreza e a fome no Brasil e transformar a vida do nosso povo com Reforma Agrária Popular, construindo condições de produção e acesso à alimentos diversificados e saudáveis, e com outras relações de produção, com a conservação dos nossos bens comuns da natureza”, argumenta Jailma, reafirmando que a Reforma Agrária é um benefício tanto para as(os) trabalhadoras(es) do campo quanto da cidade, tal qual para o meio ambiente em que vivemos.
Força política extraordinária
O ex-deputado constituinte Domingos Leonelli, membro do Diretório Nacional do PSB e coordenador do site Socialismo Criativo, ressalta a força política do MST e observa a importância da tecnologia para o campo.
“O MST é uma força política extraordinária. E a reforma agrária se conecta com o novo modo de produção. O capitalismo mudou muito, mas o fato é que a economia criativa como modelo de desenvolvimento coincide com novo paradigma que defendemos. A formação de capital é predominantemente gerada pela inovação e criatividade. Por isso, o PSB defende um novo modelo de desenvolvimento”, enfatiza o socialista.