
A cidade gaúcha Nova Pádua ficou conhecida nas últimas eleições presidenciais como o município mais bolsonarista do país — foi ali o maior índice de votos do presidente Jair Bolsonaro no segundo turno, de 92,96%.
Na eleição municipal, o “pequeno paraíso italiano“, bordão da cidade em referência aos primeiros moradores da região, manteve-se conservadora e alinhada à direita. Prefeito e cinco dos nove vereadores eleitos são do Progressistas (PP). As demais cadeiras ficaram com PSDB, MDB e Republicanos. Não houve, portanto, eleição de representantes de partidos como PT e PSOL.
No município já uma articulação de candidatos jovens, que já garantiram espaço significativo na administração pública. Brancos, solteiros, estudantes, na casa dos 20 e poucos anos — são os pontos comuns conforme os cadastros na Câmara de Nova Pádua e na Justiça Eleitoral.
Eleito vereador aos 19 anos de idade e atualmente presidente da Câmara municipal aos 23, Danrlei Pilatti garantiu 53,9% dos votos válidos para prefeito no primeiro turno, em disputa com o candidato do MDB, Itamar Kiko. Dentre os 5.404 prefeitos eleitos no primeiro turno no país, apenas 33 têm até 25 anos. Ele assume em janeiro a cadeira ocupada hoje pelo PSDB.
Cidade à direita
O partido tucano emplacou o vereador Vinicius Salvador, de 21 anos. As suplentes Deise Faiban, do PP, e Lara Borella, do MDB, também têm 21. Vereador mais votado, Maico Morandi vai para seu segundo mandato, aos 23, pelo PP. Pilatti e Morandi fazem parte da composição do chamado PP Jovem.
No histórico de votação federal, a cidade tende a candidatos de direita ou centro-direita. Antes de Bolsonaro, os índices em votações presidenciais na cidade eram mais altos para candidatos do PSDB. “A votação nos municípios da Serra, incluindo Nova Pádua, tende a ser contrárias ao PT e outros partidos de esquerda. Um dos principais fatores é a vocação econômica dessas cidades”, diz Rodrigo Giacomet, cientista político e sócio da consultoria Fidare Relações Governamentais.
“São cidades com PIB per capita alto, compostas por famílias que empreendem muito, com número reduzido de servidores públicos, o que faz com que, do ponto de vista econômico escolham o liberalismo”, explica. De acordo com o IBGE, Nova Pádua tem 2.558 habitantes, com PIB per capita de R$ 25.965.
Eleição
No primeiro turno das eleições municipais, especialmente nas grandes capitais, a maioria dos candidatos apoiados pelo presidente da República não teve sucesso nas urnas. Mas em municípios pequenos como Nova Pádua essa relação pouco importa, de acordo com Giacomet. Na escolha de prefeito e vereador, importa ao eleitor se o candidato pode resolver os problemas do bairro, a situação das calçadas ou dos parques e praças.
“Em vez de redes sociais e campanhas de marketing, ter uma boa imagem na sociedade e uma boa relação com a comunidade, uma vez que todo mundo se conhece, tem peso muito maior em municípios pequenos como Nova Pádua”, complementa o cientista político.
Com informações do Valor Econômico