No negacionismo que marca a gestão de Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, afirmou ser contra o passaporte da vacina contra a covid-19 para viajantes entrarem no Brasil.
A afirmação foi feita após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendar que as pessoas que chegarem ao Brasil apresentem o comprovante de imunização contra a doença ou que façam quarentena de 5 dias antes de começarem a circular no país.
A medida pretende evitar que se repita no Brasil o que já ocorre na Europa, que vive o recrudescimento da pandemia. A agência também quer impedir que o país vire destino de turistas não vacinados.
“Não precisa. Ela não impede a transmissão da doença”, disse Torres à imprensa tentando desacreditar a eficácia comprovada da vacina em evitar casos graves e mortes em decorrência da covid.
Ele e os ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, e da Casa Civil, Ciro Nogueira, são responsáveis por decidir sobre as regras de controle de fronteiras no Brasil durante a pandemia. A recomendação da Anvisa é cobrar o passaporte por viajantes que venham por terra ou voos internacionais.
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Os conselhos de secretários de saúde de estados (Conass) e de municípios (Conasems) divulgaram nota nesta quinta-feira (25) em apoio à proposta da Anvisa.
Torres disse que a posição contrária a cobrar a vacina nas fronteiras é pessoal.
“Não tem nada decidido ainda”, declarou.
Recomendação
A agência recomenda combinar a testagem dos viajantes com a vacinação como forma de impedir a disseminação do vírus. A proposta foi feita no último dia 12, após o Planalto questionar o órgão regulador quanto à ideia de Bolsonaro de reabrir fronteiras.
Em nota técnica, a Anvisa afirmou que ainda são escassos os estudos sobre a transmissão por pessoas vacinadas, mas disse que dados disponíveis “indicam claramente que a vacinação continua sendo a estratégia chave para o controle da pandemia de Sars-CoV-2, inclusive da propagação de variantes, como a Delta”.
Desde dezembro de 2020, o governo cobra a apresentação do teste RT-PCR, mas não exige quarentena, apesar de a Anvisa sugerir essa medida há meses.
Bolsonaro é contra passaporte
Bolsonaro disse na quarta-feira (24) que prefere abrir as fronteiras, mas não manda nas decisões da Anvisa. Ele afirmou que conversou com o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, sobre o tema.
“Na minha parte, não decido, não mando na Anvisa, [mas] a gente não teria fronteira fechada”, disse Bolsonaro.
Com informações da Folha de S.Paulo